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sábado, 18 de junho de 2011

Corpus Christi – Eucaristia

1 → C O M E N T Á R I O S
Qual a origem da festa de Corpus Christi?

Todos os católicos reconhecem o valor da Eucaristia. Podemos encontrar vários testemunhos da crença da real presença de Jesus no pão e vinho consagrados na missa desde os primórdios da Igreja.

Mas, certa vez, no século VIII, na freguesia de Lanciano (Itália), um dos monges de São Basílio foi tomado de grande descrença e duvidou da presença de Cristo na Eucaristia. Para seu espanto, e para benefício de toda a humanidade, na mesma hora a Hóstia consagrada transformou-se em carne e o Vinho consagrado transformou-se em sangue. Esse milagre tornou-se objeto de muitas pesquisas e estudos nos séculos seguintes, mas o estudo mais sério foi feito em nossa era, entre 1970/71 e revelou ao mundo resultados impressionantes:

A Carne e o Sangue continuam frescos e incorruptos, como se tivessem sido recolhidos no presente dia, apesar dos doze séculos transcorridos.

O Sangue encontra-se coagulado externamente em cinco partes; internamente o sangue continua líquido.

Cada porção coagulada de sangue possui tamanhos diferentes, mas todas possuem exatamente o mesmo peso, não importando se pesadas juntas, combinadas ou separadas.

São Carne e Sangue humanos, ambos do grupo sanguíneo AB, raro na população do mundo, mas característico de 95% dos judeus.

Todas as células e glóbulos continuam vivos.

A carne pertence ao miocárdio, que se encontra no coração (e o coração sempre foi símbolo de amor!).

Mesmo com esse milagre, entre os séculos IX e XIII surgiram grandes controvérsias sobre a presença real de Cristo na Eucaristia; alguns afirmavam que a ceia se tratava apenas de um memorial que simbolizava a presença de Cristo. Foi somente em junho de 1246 que a festa de Corpus Christi foi instituída, após vários apelos de Santa Juliana que tinha visões que solicitavam a instituição de uma festa em honra ao Santíssimo Sacramento. Em outubro de 1264 o papa Urbano IV estendeu a festa para toda a Igreja. Nessa festa, o maior dos sacramentos deixados à Igreja mostra a sua realidade: a Redenção.

A Eucaristia é o memorial sempre novo e sempre vivo dos sofrimentos de Jesus por nós. Mesmo separando seu Corpo e seu Sangue, Jesus se conserva por inteiro em cada uma das espécies. É pela Eucaristia, especialmente pelo Pão, sinal do alimento que fortifica a alma, que tomamos parte na vida divina, nos unindo a Jesus e, por Ele, ao Pai, no amor do Espírito Santo. Essa antecipação da vida divina aqui na terra mostra-nos claramente a vida que receberemos no Céu, quando nos for apresentado, sem véus, o banquete da eternidade.

O centro da missa será sempre a Eucaristia e, por ela, o melhor e o mais eficaz meio de participação no divino ofício. Aumentando a nossa devoção ao Corpo e Sangue de Jesus, como ele próprio estabeleceu, alcançaremos mais facilmente os frutos da Redenção!
Fonte: Cléofas


Eucaristia na Bíblia

A Eucaristia nos relatos Bíblicos, a presença real de Jesus e fundamentação bíblica
Posted by marcosrocha 07/08/2009 @ 22:36
Eucaristia, Céu na Terra
Para os católicos, a Hóstia Consagrada e o Vinho Consagrado (pão e vinho) são o próprio Cristo, separados ou não, totalmente. A menor partícula de pão consagrado ou a menor gotícula de vinho consagrado são o Cristo inteiro. A isto chamamos a presença real de Jesus na Eucaristia.

A Bíblia fundamenta bem esta verdade. Faremos uso da bela explicação de D. Estevão Bettencourt, em seu livro “Curso sobre os Sacramentos”:

1º) Quando Jesus disse “Isto é o meu corpo” muito provavelmente usou o termo “carne=basar”, que, em hebraico/aramaico, indica a pessoa por inteiro, e não só o corpo físico. Jesus revelou estar dando a totalidade do seu ser: corpo, sangue, alma e divindade.


2º) O termo “sangue =dam” utilizado por Jesus tem um caráter sagrado, significa “vida” e tem ligação direta com Deus, o único “Senhor da vida”.” 11. Pois a alma da carne está no sangue, e dei-vos esse sangue para o altar, a fim de que ele sirva de expiação por vossas almas, porque é pela alma que o sangue expia.(Lv 17,11)”; “23. Mas guarda-te de absorver o sangue; porque o sangue é a vida, e tu não podes comer a vida com a carne(Dt 12,23). O sangue era usado no altar para expiação dos pecados. Para o homem, representa toda sua VITALIDADE EXISTENCIAL. Ora, Jesus  ao dizer “Isto é o meu sangue” também oferecia toda sua pessoa, neste momento, também, 2ª Pessoa da SS.Trindade, Pessoa Divina.  

3º) Tanto o corpo (pão) e o sangue (vinho) significavam Jesus por inteiro. Logo, a Última Ceia ministrada por Jesus antecipava o que aconteceria na Cruz, isto é, o próprio Cristo entregando sua vida para a remissão dos pecados da humanidade, para todos aqueles que cressem em Jesus como o Messias, seguissem seus mandamentos e se arrependessem de seus pecados.

4º) No discurso do pão da vida (Jo 6), João não quis repetir a narrativa da Instituição da Eucaristia, já apresentada por Mateus, Marcos, Lucas e Paulo (1 Cor 11,23-24), pois escreveu bem depois. Com isso, desenvolveu o significado doutrinário da determinação de Jesus, referindo-se a promessa do pão da vida.  

Nos vv.1-15 mostra-se o poder de Deus sobre o mistério da Eucaristia (a multiplicação dos pães); nos vv.16-21 demonstra-se o poder de Jesus sobre o corpo e os elementos da natureza para que, enfim, nos vv.22-71, Cristo pudesse discursar sobre o pão da vida, usando elementos dos quadros anteriores, anunciando que o pão será o seu próprio corpo. Em particular, Jesus propõe, nos vv.51-71 que o pão será a verdadeira carne de Cristo, penhor da vida eterna, e não mera representação, teatro ou alegoria, como afirmam os protestantes. Vejamos as expressões muito concretas do trecho 6,51-56:

51. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo. 52. A essas palavras, os judeus começaram a discutir, dizendo: Como pode este homem dar-nos de comer (phagein) a sua carne? 53. Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. 54. Quem come (ho trogon) a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. 55. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. 56. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.”

Agora, vamos verificar o texto original para compreender ainda mais o que já está explícito nas partes sublinhadas deste trecho supracitado.

No v.52 os judeus indagaram como Jesus poderia dar sua carne para comer. A expressão usada foi phagein, em grego. Jesus respondeu e insistiu na literalidade de seu discurso, – não era alegoria ou figuração – utilizando expressão ainda mais forte, o verbo trogô, que significa  mastigar, dilacerar com os dentes, num realismo extremo.

O que mais se pode dizer depois do que o próprio Jesus disse, através do Evangelho de João? A Eucaristia não é mero simbolismo. É o próprio Jesus, em corpo, sangue, alma e divindade. Carne=basar significando a pessoa por inteiro; sangue=dam significando  a pessoa com  toda sua vitalidade existencial… como desvirtuar tais frases do Mestre?

Muitos perguntarão: então qual o significado semita (hebraico) das verbos “phagein” e “ho trogon”? Pois bem, “comer a carne” de alguém significaria “ofender essa pessoa, perseguí-la até a morte” (Sl 26,2), “beber o sangue de alguém” significaria “arder de ódio para com tal pessoa”… Ora, está claro que Jesus, em Jo 6,54, não poderia convidar os ouvintes para o ódio para com o Mestre, prometendo em troca vida eterna. Seria absurdo e o oposto de toda a mensagem de Jesus! Além do mais, vimos que os discípulos, no v. 52 estavam pensando na literalidade do discurso de Jesus. Em outras vezes, quando Jesus queria ser entendido metaforicamente, figuradamente, o Senhor assinalava, como em Jo 11,11-14 e Jo 3,4s, por exemplo:

11. Depois destas palavras, ele acrescentou: Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo. 12. Disseram-lhe os seus discípulos: Senhor, se ele dorme, há de sarar. 13. Jesus, entretanto, falara da sua morte, mas eles pensavam que falasse do sono como tal. 14. Então Jesus lhes declarou abertamente: Lázaro morreu.” (Jo 11,11-14)

4. Nicodemos perguntou-lhe: Como pode um homem renascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez? 5. Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus.6. O que nasceu da carne é carne, e o que nasceu do Espírito é espírito.7. Não te maravilhes de que eu te tenha dito: Necessário vos é nascer de novo.” (Jo 3,4-7)

No v.51 Jesus disse “51. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo.” Onde Ele deu o pão como sendo a sua carne? No cenáculo durante a Última Ceia: 26. Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei, isto é meu corpo.” (Mt 26,26) . A afirmação “E o pão, que eu hei de dar, é a minha carne para a salvação do mundo” como já dito, provocou a reação dos judeus, realmente porque pensavam na literalidade. Para os mesmos, era algo grave e escandaloso, expressamente proibido beber sangue: 10. A todo israelita ou a todo estrangeiro, que habita no meio deles, e que comer qualquer espécie de sangue, voltarei minha face contra ele, e exterminá-lo-ei do meio de seu povo.” (Lv 17,10).  
Jesus, então, insistiu na literalidade do discurso, dizendo que (v.54) “quem dilacera, mastiga com os dentes (ho trogon) minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.”



5º) Jesus manteve sua posição, mesmo após vários ouvintes o abandonarem (v.66):  


57. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. 58. Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente.59. Tal foi o ensinamento de Jesus na sinagoga de Cafarnaum.60. Muitos dos seus discípulos, ouvindo-o, disseram: Isto é muito duro! Quem o pode admitir?61. Sabendo Jesus que os discípulos murmuravam por isso, perguntou-lhes: Isso vos escandaliza ?62. Que será, quando virdes subir o Filho do Homem para onde ele estava antes?…63. O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida.64. Mas há alguns entre vós que não crêem… Pois desde o princípio Jesus sabia quais eram os que não criam e quem o havia de trair.65. Ele prosseguiu: Por isso vos disse: Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lho for concedido.66. Desde então, muitos dos seus discípulos se retiraram e já não andavam com ele.67. Então Jesus perguntou aos Doze: Quereis vós também retirar-vos?68. Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, a quem iríamos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. 69. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus!” (Jo 6,57-69)

Se o discurso fosse em tom figurado, metafórico, os discípulos não o achariam duro, difícil para ser admitido. Jesus manteve a literalidade do discurso do pão da vida e foi interrogar os apóstolos a respeito. Pedro, com certeza, inspirado pelo Espírito Santo, em nome dos apóstolos, afirmou que acreditava na instituição da Eucaristia, pois só Jesus tinha “as palavras da vida eterna” (Jo 6,68c)

6º) O versículo 63, aparentemente pode causar dificuldades. Jesus diz “63. O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida.”  Jesus apenas tratava de remover um entendimento grotesco de suas palavras. Não se tratava de comer carne humana (isto não santifica o homem) nem de comer a carne do Senhor em condições terrestres (como o canibalismo), mas de receber a carne de Cristo GLORIFICADA, EMANCIPADA DAS LEIS DO ESPAÇO E DO TEMPO. É a carne nestas circunstâncias que Jesus chama de “espírito”, é espírito porque está toda penetrada na Divindade (na verdade, é a Divindade de Jesus que, mediante a carne, vivifica os fiéis na Eucaristia e não a carne humana de Jesus). Por isto, Jesus ao dizer “isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue” não se referia somente a carne, mas a totalidade de seu ser, corpo e sangue, alma e divindade (como já vimos). Na própria Bíblia, no Novo Testamento, temos noção de corpo glorificado, corpo-espírito ou corpo espiritual.  Não deixa de ser corpo, Jesus não é incoerente, trata-se de um corpo emancipado das leis do espaço e do tempo, ressuscitado.

20. Nós, porém, somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,21. que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda criatura.” (Fl 3,20-21)  
41. Uma é a claridade do sol, outra a claridade da lua e outra a claridade das estrelas; e ainda uma estrela difere da outra na claridade.42. Assim também é a ressurreição dos mortos. Semeado na corrupção, o corpo ressuscita incorruptível;43. semeado no desprezo, ressuscita glorioso; semeado na fraqueza, ressuscita vigoroso;44. semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual. Se há um corpo animal, também há um espiritual.” ( 1 Cor 15,41-44)

A Palavra de Deus é perfeita, não? Por esta razão não é correto dizer que a Missa renova o sacrifício de Jesus na cruz. Na verdade, repete-se a Última Ceia e torna-se “presente” o sacrifício de Jesus na cruz, a entrega de seu corpo glorificado. Porque este corpo está emancipado das leis do espaço e do tempo, embora, com a impassibilidade suspensa. Trata-se, inclusive, da Pessoa Divina de Jesus, de Jesus, por inteiro.

7º) Para João Paulo II, nosso saudoso Papa, a Igreja é feita de Eucaristia.  Realmente, a Eucaristia é o ápice da ordem sacramental. O Batismo é dirigido à Eucaristia, de modo que esta é o centro de toda a vida da Igreja e de cada um dos fiéis. É a perpetuação do sacrifício que Cristo ofereceu a sós no Calvário outrora e que, atualmente, através dos sinais sagrados, oferece com sua Igreja. Ora, se a Igreja tem como cabeça Jesus, esta só pode se alimentar do próprio Cristo, que é realmente a Eucaristia, alimento da vida espiritual, sacramento dos sacramentos.

Scott Hahn diz: “A centralidade da Eucaristia está evidente também na descrição concisa que os Atos dos Apóstolos fazem da vida na Igreja primitiva: 42. Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, na reunião em comum, na fração do pão e nas orações.”(At 2,42). A primeira epístola aos Coríntios (c.11) contém um verdadeiro manual de teoria e práticas litúrgicas. A carta de São Paulo revela sua preocupação em transmitir a forma exata da liturgia, nas palavras da instituição tiradas da Última Ceia de Jesus: “23. Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão 24. e, depois de ter dado graças, partiu-o e disse: Isto é o meu corpo, que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim. 25. Do mesmo modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue; todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim.” (1 Cor 11,23-25). Paulo ressalta a importância da doutrina da presença real e vê conseqüências funestas na descrença: 29. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação.” ( 1 Cor 11,29)


A real presença de Jesus na Eucaristia é claríssima! Nos quatro evangelhos e nas cartas de São Paulo, o 13º apóstolo!




Eucaristia e sua história

0 → C O M E N T Á R I O S
Por NELSON VELLOSO (nelsonvelloso@ajato.com.br)

I   –   I N T R O D U Ç Ã O

    Como e quando começar a falar da história da Eucaristia? A partir de que época? Em que lugar? Em que contexto? São muitas as perguntas e várias as hipóteses.

    Podemos começar pelo Novo Testamento (pela 1ª carta de São Paulo aos Coríntios; pelos Sinóticos) ou pelo Antigo Testamento. Para que possamos descobrir os sinais da EUCARISTIA ao longo do tempo, da história do POVO DE DEUS, precisamos saber o que é, o que significa o termo EUCARISTIA.

a.  Se recorrermos ao NOVO AURÉLIO, verificaremos que EUCARISTIA é um dos sete sacramentos da Igreja Católica, no qual, segundo a crença, Jesus Cristo se acha presente, sob as aparências do pão e do vinho, com seu corpo, sangue, alma e divindade. É o ato central do culto cristão; designa, também, a missa, o banquete sagrado, a comunhão a ceia do Senhor. Já o DICIONÁRIO BÍBLICO de John L. Mckenzie, nos diz que o termo vem do grego EUCHARISTIA e significa AÇÃO DE GRAÇAS, mas não aparece no NOVO TESTAMENTO para indicar o rito sacramental do ofertório e da consumação do pão e do vinho. Ele é usado pela 1ª vez na DIDAQUÉ, no final do século I, e também por INÁCIO DE ANTIOQUIA e JUSTINOi]. No NOVO TESTAMENTO, o rito é chamado de CEIA DO SENHOR (1Cor 11,20) e FRAÇÃO DO PÃO (At 2,42-46).

O CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, aprovado e promulgado pelo saudoso Papa João Paulo II, decreta que a EUCARISTIA é o sacramento que conclui a iniciação cristã, após o BATISMO e a CONFIRMAÇÃO (Crisma) e que recebe os nomes de CEIA DO SENHOR, FRAÇÃO DO PÃO, ASSEMBLÉIA EUCARÍSTICA, MEMORIAL DA PAIXÃO, SANTO SACRIFICIO, COMUNHÃO, entre outros.

II   –   I N S T I T U I Ç Ã O   D A   E U C A R I S T I A

Vamos ver na nossa BIBLIA, como e onde está narrada a instituição da EUCARISTIA:

  • Mc 14,22-25 – Enquanto comiam, ele tomou um pão, abençoou, partiu-o e lhes deu dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo”. Depois tomou um cálice, rendeu graças, deu a eles, e todos dele beberam. E disse-lhes “Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado em favor de muitos. Em verdade vos digo, já não beberei do fruto da videira até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus”.
  • Mt 26,26-29 – Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e tendo-o abençoado, partiu-o e, distribuindo-o aos discípulos, disse: “Tomai e comei, isto é o meu corpo”. Depois, tomou um cálice e, dando graças, deu-o a eles dizendo: “Bebei dele todos, pois isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados. Eu vos digo: Não beberei mais deste fruto da videira até o dia em que convosco beberei o vinho novo no Reino do meu Pai”. 
  • Lc 22.15-20 – e disse-lhes: “desejei ardentemente comer esta páscoa convosco antes de sofrer; pois eu vos digo que já não a comerei até que ela se cumpra no Reino de Deus”. Então, tomando uma taça, deu graças e disse: “Tomai isto e reparti entre vós; pois eu vos digo que doravante não beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus”. E tomou um pão, deu graças, partiu e deu-o a eles, dizendo: “Isto é o meu corpo que é dado por vós. Fazei isto em minha memória”. E, depois de comer, fez o mesmo com a taça, dizendo: “Essa taça é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós”. 
  • 1Cor 11,23-25 – Paulo relata aos habitantes de CORINTO, o que tinha recebido do Senhor: na noite em que foi entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é para vós; fazei isto em memória de mim”. Do mesmo modo, após a ceia, também tomou o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova Aliança em meu sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de mim”. 

Até aqui vimos algumas definições de EUCARISTIA; como ela foi instituída por Jesus Cristo, nos Evangelhos e na narração de Paulo, na 1Cor. Vimos que ela é ação de graças, que ela é ceia, é fração do pão, que ela é memorial da paixão, que é louvor e que é santo sacrifício. Por tudo isso, nós concluímos que a EUCARISTIA só existe, porque DEUS na sua infinita e gratuita bondade quis nos encontrar para nos unirmos a ele, pelo seu amor, para a celebração e realização do seu grandioso projeto, que é a transformação da humanidade para fazê-la entrar no seu Reino. Graças ao banquete eucarístico, Deus e a humanidade estarão definitivamente unidos e jamais poderão ser separados: “aquele que come a minha carne permanece em mim e eu nele”.
A EUCARISTIA é a consumação dessa união. É a nova e eterna ALIANÇA. Mas, e antes da sua instituição, como se ofereciam sacrifícios, como se louvava a Deus, com que intenções?

III  –  A   E U C A R I S T I A   N O   A N T I G O   T E S T A M E N T O

    Vamos viajar um pouco, vamos voltar ao ANTIGO TESTAMENTO, e tentar descobrir sinais, indícios, símbolos e o que mais for possível encontrar, que nos relacione com o sacrifício eucarístico de Jesus e, depois, ao voltarmos ao NOVO TESTAMENTO, conhecer como a EUCARISTIA se desenvolveu e se consolidou como o maior e mais importante SACRAMENTO da nossa religião.

    A EUCARISTIA tem suas raízes nos antigos rituais judaicos das refeições[vii]. João, no capítulo 6 do seu Evangelho (multiplicação dos pães) nos faz lembrar do maná do deserto (Ex 16) e Salomão, no livro da SABEDORIA[viii], nos faz lembrar a EUCARISTIA. Também o profeta Jeremias[ix] nos fala de uma NOVA ALIANÇA (eucaristia) de Javé com a casa de Israel e de Judá. O profeta Eliseu[x], também lembra, entre seus vários milagres, a multiplicação dos pães.

    Considerando que Jesus Cristo sacrificou-se (ofereceu seu próprio corpo) para a remissão dos nossos pecados, vamos ver, no ANTIGO TESTAMENTO, antes de Jesus Cristo, algumas considerações sobre o Sacrifício[xi].

    Geralmente, quando se fala em sacrifício, pensa-se no termo como algo maior que uma simples oferta; associa-se a palavra a um “sacrifício cruento”, à imolação, à morte da vítima (como aconteceu com o próprio Cristo). Isso acontecia e acontece ainda hoje, pelo desejo do homem de comunicar-se com uma divindade (sagrada ou não) para conseguir, obter alguma coisa ou um favor.

    Os sacrifícios, eram oferecidos de duas formas: sangrentos e não sangrentos, simultâneos, porém distintos. Os livros do LEVITICO e NÚMEROS contém ampla legislação sobre o culto sacrifical, que foi aplicada até o começo da era cristã. Ocorriam sacrifícios durante o ano todo, pela manhã, à tarde, na primavera, no verão, no outono e em todas as classes sociais, ricos, pobres etc. Algumas condições deviam ser observadas para a eficácia do sacrifício, tais como:
  • O templo, ou local do sacrifício, devia estar perfeitamente limpo;
  • A presença do sacerdote, responsável pelo protocolo e pelo ritual dos gestos e das palavras;
  • O oferente é quem deverá imolar o animal;
  • Antes de iniciar o sacrifício, o sacerdote devia invocar a presença da divindade;
  • Os animais provinham de rebanhos do próprio templo, cuidadosamente alimentados (alguns animais, como o porco, eram considerados impuros);
  • Os alimentos deviam ser de qualidade.

Existiam, o sacrifício de comunhão, que era de louvor, de devoção ou de cumprimento de um voto; o sacrifício de pecado, que não era consumido pelo oferente e o sangue do animal era levado para o interior do templo; o sacrifício de reparação, oferecido pelos particulares, etc. Os sacrifícios de carne podiam se acompanhados de pão, vinho e óleo, mas de legumes, não. O sacrifício do holocausto era a combustão total da carne, sem deixar resto. Também palavras, cantos e música instrumental acompanhavam os ritos sacrificais e proporcionavam horas de festa e de alegria, além de momentos de reconciliação.

Concluímos, então, que havia dois tipos principais de oferendas ou sacrifícios: os animais, ou sangrentos e os vegetais, não sangrentos. Os animais (bovinos, ovinos, caprinos) e alguns tipos de pássaros eram sempre próximos ao homem (domésticos), menos os peixes. Os vegetais eram identificados com os produtos da terra (pães [cerais, farinha], vinho [que acabou substituindo o sangue] e óleo). Voltemos agora ao Novo Testamento.

IV  –  A   E U C A R I S T I A   N O   N O V O   T E S T A M E N T O

a.  As palavras e os gestos de JESUS na CEIA que antecedeu a PÁSCOA estão no centro da vida cristã e são o sustentáculo da vida da IGREJA. O pão, identificado com o corpo de CRISTO, agora ressuscitado, continua a construir o corpo eclesial[xii].

A refeição comunitária é designada como o lugar da presença real do SENHOR, ou seja, o lugar onde continuamos a recordar o sacrifício da sua cruz e continuamos a esperar a sua vinda. Isso, porém, não significa que todas as tradições cristãs tenham aceitado imediatamente essa afirmação. A redação dos textos neotestamentários sobre a EUCARISTIA requer uma leitura atenta para sua interpretação. Os textos eucarísticos foram redigidos para animar as comunidades judeu-cristãs, dentro de um contexto político-religioso muitas vezes difícil.

Assim sendo, cada texto eucarístico deve ser lido e examinado em si mesmo e entendidos em sintonia com as diversas práticas da IGREJA judeu-cristã. Vamos procurar distinguir as diversas visões que os grupos judeu-cristãos e heleno-cristãos tinham do gesto historicamente essencial de seu próprio nascimento.

Não adotaremos uma linha simplista da evolução da ceia eucarística, começando pelas narrativas da multiplicação dos pães, entendida como um pré-anúncio da instituição da EUCARISTIA por CRISTO, depois comparada com o MANÁ[xiii] do deserto, nem pela narração da CEIA, da qual já falamos na introdução desta aula. Não vamos nos preocupar muito também, com quais teriam sido as intenções de JESUS ao instituir a EUCARISTIA, (pelo menos nesta matéria) se criar um novo culto, fundar uma nova religião, um sacerdócio cristão, etc. Vamos procurar distinguir, na mistura das diversas narrações existentes, a visão que os diversos grupos religiosos tinham da EUCARISTIA. Como ela era celebrada pelas primeiras IGREJAS?; Usavam vinho?; Referiam-se à Ceia da quinta-feira santa? Como ela evoluiu ao longo dos séculos?

b.  Comecemos pelo vocabulário eucarístico: a denominação do gesto eucarístico praticado por JESUS, não se impôs de imediato entre as primeiras comunidades; não existia um termo específico, diferente do vocabulário usado nas sinagogas. Diversas designações foram utilizadas no início de nossa era (séculos I e II). PAULO usou a expressão “CEIA DO SENHOR”[xiv] e “MESA DO SENHOR”[xv], expressões que não se impuseram, talvez por serem muito próximas das refeições comunitárias judaicas. LUCAS usa “FRAÇÃO DO PÃO”[xvi], para significar a relação entre a refeição cristã e o ressuscitado, prática que já era conhecida no ANTIGO TESTAMENTO[xvii]; e para dar a ideia de uma refeição comunitária como lugar de partilha[xviii]. Alguns outros termos como DIAKONIA, usado para o serviço da mesa ou da palavra[xix] e KOINONIA, no sentido de participação comum[xx], não resistiram muito ao tempo. No CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA[xxi] encontramos ainda outros nomes que designam o sacramento da EUCARISTIA, conforme seus aspectos. Outros termos utilizados no vocabulário eucarístico: benção (abençoar) e ação de graças (eucarística) tem papel essencial. Quando usados por DEUS, tem um sentido especial de salvação, que nos transmite uma força nova[xxii]; quando por CRISTO, nos alimenta com a força de sua salvação.

Depois do vocabulário eucarístico, notemos a importância que a EUCARISTIA recebe nos textos evangélicos: Mc, Mt e Lc fazem uma narração detalhada da sua instituição; Jo, embora não narre sua instituição, refere-se à última CEIA e suas consequências no capítulo 13 do Seu Evangelho. Por seis vezes os evangelistas fazem o relato da multiplicação dos pães (Mc e Mt 2 vezes cada um, e, Lc e Jo uma vez), transformando-os em anúncio da CEIA DO SENHOR.

c.  Quanto às refeições, não se pode deixar de notar, principalmente no século I, a influência das ceias helenísticas, nas refeições judaicas e judaico-cristãs. Depois de Alexandre Magno e das conquistas romanas as fronteiras, tanto físicas, quanto étnicas, se expandiram por toda parte, causando um certo sincretismo[xxiii] religioso em que as divindades eram facilmente assemelhadas umas às outras. Comia-se muitas vezes em comum, em grupos religiosos, corporativos e até funerários, com o deus que os reunia. A principal característica que diferenciava a ceia cristã das ceias judaicas ou helenísticas era o gesto da fração do pão no início e do cálice de vinho no fim.

Os idólatras celebravam o aniversário de nascimento de um morto, não sua morte, enquanto os cristãos cantavam a morte daquele que continuava vivo entre eles.

Entre os judeus, seguidores de Cristo, as refeições em comum se expandiam[xxiv]. As refeições familiares, com a presença de um hóspede, ou festivas, eram normalmente presididas pelo dono da casa e tinham importância, principalmente, por causa da oração ou da benção que marcava seu começo e a benção sob o cálice de vinho, que marcava o fim da refeição festiva[xxv]. Além do pão e do vinho, o cordeiro pascal, os ovos e os peixes são mencionados nas refeições com Jesus.

    EMÉRITO, um dos 49 cristãos presos em plena assembleia dominical, então proibidas sob pena de morte, respondeu ao juiz que lhe perguntou por que desobedecera a lei do imperador: “Nós não podemos viver sem a Eucaristia”[xxvi], porque são meus irmãos e eu não podia impedi-los de se reunirem.

    FILON de Alexandria[xxvii], afirmou: “Não é legitimo tomar qualquer alimento sob o qual não tenha sido pronunciada a ação de graças (a Eucaristia)”.

    Entre as refeições dos diversos grupos judaicos da época, diversos motivos incidiram nas ceias cristãs, por exemplo:

a.  Entre os Fariseus e principalmente entre os Essênios, as refeições delimitavam o grupo religioso, conforme o grau de pureza ritual de cada um. Dava-se mais importância aos gestos do que à refeição em si[xxviii].

b.  Entre os membros da seita de Qumran, as refeições eram lugar de exclusão extrema. Flávio Josefo[xxix] relata: “Eles lavam o corpo em água fria. Depois dessa purificação, se reúnem numa construção, onde não é admitido ninguém que tenha outra fé. O sacerdote ora antes da refeição, e não é permitido comer antes da oração. Depois da refeição, ora novamente. Eles honram assim a Deus, no começo e no fim da refeição”.

c.  Segundo Paulo, a refeição é o lugar da unidade dos cristãos reunidos, mas isso só se firmou com o tempo, depois de muitas contestações[xxx]. Para ele, a prática da refeição cristã é importante pela sua ligação entre o corpo concreto (pão); o corpo do crucificado (ressuscitado) e o corpo de Cristo (Igreja)[xxxi]. Esses 3 “corpos” tem sua unidade radical no centro da refeição cristã[xxxii].

O pão, a palavra de louvor e a ajuda mutua comum, são três elementos fundamentais que se unem na refeição cristã. Progressivamente, ocorre uma dissociação entre o serviço, a palavra e a mesa[xxxiii], e a importância deixa de ser a refeição considerada em seu conjunto, para recair nos gestos do pão e do vinho da ressurreição[xxxiv].

Algumas considerações sobre o dia e a frequência das assembleias cristãs: quando reunir-se?, a cada dia?, a cada semana?, na Páscoa?. Nem tudo aconteceu de uma só vez. Na recordação do mana[xxxv], na multiplicação dos pães, na oração do Pai-nosso[xxxvi], Jesus nos alimenta diariamente. Quanto à frequência, o primeiro dia da semana, o dia do Senhor, se impôs mais rapidamente, em ligação com o dia da ressurreição[xxxvii].

Onde e como tomar a Ceia do Senhor? Na época ainda não existiam construções próprias para essa finalidade[xxxviii]. Paulo aceita que elas sejam feitas na própria casa ou na de um amigo; ao ar livre, em grupo, próximo a um bosque sagrado, perto de um templo ou em salas de banquete, que podiam abrigar até 70 pessoas. Aceita também, que se consuma a carne sacrificada aos ídolos, porque, na época, todos os animais eram sacrificados aos deuses e para ele não tinham nenhum significado religioso, mas deviam ser consumidos para glória de Deus[xxxix]. Ele ataca os desvios, frequentes, na ocorrência das refeições comunitárias cristãs, que as reduzia a uma simples refeição consumida em casa[xl] e as distanciava da refeição de Jesus, daí a necessidade de lembrar o seu exemplo[xli].

As narrações da Ceia, nos sinóticos Mc, Mt e Lc, são o reflexo da memória de cada um à sua maneira e visam de modo global à palavra e a ação de Jesus. Eles oferecem a base necessária e suficiente às Igrejas, à autenticidade de uma ceia eucarística a ser sempre celebrada e relembrada. Cada um reuniu tudo o que era útil e necessário para a vida dentro da sua comunidade.

d.  O pão da vida segundo João: O testemunho de João, ao contrário do dos sinóticos, é o que mais fala da Eucaristia, sem no entanto fazer a narração da Ceia[xlii]. Seu evangelho faz várias referências eucarísticas, mostrando a importância da ceia cristã no seio da comunidade, como por exemplo a narração das bodas de Caná[xliii], primeiro sinal messiânico de Jesus; a abundância da água viva para a vida eterna[xliv]; a sobra dos pães que restaram da multiplicação[xlv]. Notemos que tudo isto se passa fora da mesa (do altar?), antes da partilha do pão. Jesus realçava a atitude interior das pessoas, a necessidade de pureza e do amar sem fim e tornar-se servidor como ele[xlvi]. Vejamos o pedido de Jesus em Jo 13,15: “dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais”.

A título de curiosidade e informação, vejamos como era a fórmula da celebração eucarística, na Didaqué, no final do século I:

Capítulo IX:   
1. Celebrem a Eucaristia deste modo:
        2. Digam primeiro sobre o cálice: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre”.
        3. Depois digam sobre o pão partido: “Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da vida e do conhecimento que nos revelaste por meio do teu servo Jesus. A ti a glória para sempre”.
        4. “Do mesmo modo como este pão partido tinha sido semeado sobre as colinas, e depois recolhido para se tornar um, assim também a tua Igreja seja reunida desde os confins da terra no teu reino, porque tua é a glória e o poder, por meio de Jesus Cristo, para sempre”.
        5. Ninguém como nem beba da Eucaristia, se não tiver sido batizado em nome do Senhor, porque sobre isso o Senhor disse: “Não dêem as coisas santas aos cães”.

    Esta fórmula de celebração eucarística, bem diferente do rito que conhecemos hoje, provavelmente era celebrada dentro de uma refeição comum. Após essa celebração, depois de saciados rezava-se uma oração de agradecimento a Deus. Note-se que a Eucaristia da Didaqué é formada por dois ritos, um no começo e outro no fim da ceia e por duas orações de ação de graças, uma sobre o cálice e outra sobre o pão e que não faz referência nem à morte e nem è ressurreição de Jesus Cristo, nem à Narração da sua instituição.

    No começo do século II, o rito eucarístico foi separado da ceia e as duas orações de ação de graças, a do pão e a do vinho, distintas e separadas, existentes na ceia de Jesus foram unidas e até hoje, na missa, temos apenas uma oração de ação de graças que é a ORAÇÃO EUCARÍSTICA ou ANÁFORA, celebrada sobre o pão e o cálice, que corresponde à oração de ação de graças de Jesus no Cenáculo, dirigida a Deus.

    Para Paulo, a Nova Aliança, não é uma aliança renovada ou restabelecida, mas uma Aliança radicalmente nova. Não na letra, mas no Espírito (2Cor 3,6). Pelo sangue de Cristo, o vínculo da Aliança foi inteiramente reatado com Deus.

    Resumindo o que dissemos até agora, sabemos que a nossa Eucaristia origina-se no ritual judaico e que o Novo Testamento nos transmite os principais gestos e palavras de Jesus Cristo. A estrutura geral do rito eucarístico, a sucessão das estrofes, das orações de graças, as palavras e os gestos de Jesus Cristo, são elementos que a Igreja celebra até hoje em fidelidade ao modelo que recebeu. Mudam algumas palavras, conforme a tradução bíblica que utilizamos, mas a essência é a mesma:

a.  tomou o pão; deu graças; partiu-o; e o deu, dizendo…

b.  tomou o cálice; deu graças; e o deu, dizendo…

c.  no fim disse: “Fazei isto em memória de mim”.

Podemos entender então, que a história da Eucaristia é a do desenvolvimento de um conhecimento progressivo da nossa relação (relação cristã) com Cristo ressuscitado, expressa, manifestada em diversas linguagens, segundo os costumes e as épocas, cada vez com mais realismo. As diversas tradições da Igreja procuraram conhecer cada vez melhor a sua relação com o Senhor.

Sem entrar em detalhes, porque o nosso tempo é limitado, podemos citar, algumas curiosidades a respeito do desenvolvimento da Eucaristia:

a.  A Eucaristia Mística: este texto é uma evolução da Eucaristia da Didaqué, pouco conhecido, mas que já mostrava a tendência da reunião das duas eucaristias, do pão e do cálice.

b.  A oração eucarística de santo Hipólito, de Roma, bem conhecida porque deu origem à segunda oração eucarística do Missal de Paulo VI. A oração de ação de graças é substituída por um texto que narra a obra de salvação de Jesus Cristo.

c.  A liturgia antioquina, originária da obra de Basilio, bispo de Cesaréia, século IV, autor da Divina Liturgia.

d.  A liturgia siro-oriental, do século III, em que não há a narração da instituição da Eucaristia mas celebra o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus.

e.  A liturgia latina: dentre as muitas orações eucarísticas existentes no ocidente, que dificultam estabelecer sua origem, podemos citar, pelo final do século IV, o “Cânon Romano”, que divide claramente a oração eucarística em duas partes:

1.  a oração de ação de graças, também chamada de prefácio;
2.  as intercessões, onde encontramos a narração da última Ceia[xlvii].

f.  Muitos outros textos de descrição de ceias e de ritos eucarísticos, com maior ou menor riqueza de detalhes são encontrados ao longo do tempo, desde as origens, no oriente e no ocidente, dos mais variados autores.

V  -  A  E U C A R I S T I A  N A   V I D A   R E L I G I O S A
S É C U L O S   I V   A T É   O   S É C U L O   X

    Vamos analisar agora, as condições para a celebração da Eucaristia, a partir do século IV, até o século X.

    Tanto no Oriente, como no Ocidente, havia regras para a fabricação do pão e do vinho destinados ao altar. O pão devia ser fresco, de trigo e ainda quente; o vinho devia ser puro, misturado com água e não adocicado.

    Ambos eram produtos da terra e fruto do trabalho dos fiéis. Nesse sentido, a Eucaristia era também ação de graças pelos frutos da terra. Aqueles que levam as oferendas até o altar eram convidados a comungar. No início, a tarefa da fabricação dos pães era confiada às pessoas piedosas. Mais tarde, em algumas igrejas, passou para os clérigos, com exclusão das mulheres, para se preservar a pureza ritual. No fim da comunhão, os fiéis pobres recebiam uma parte do excedente das ofertas.

    Os domingos e dias de festa eram os dias de celebração da eucaristia, mas nos outros dias, essa celebração variava de uma Igreja para outra. No fim do século IV e início do século V, havia missas diárias nas igrejas italianas de Milão e Aquiléia, na Espanha e no norte da África. Em Roma, isso só aconteceu no século VIII, mas somente na quaresma. No Ocidente essa prática se tornou norma na Idade Média. No Oriente, salvo exceções, a Eucaristia não era celebrada todos os dias. Na Ásia Menor, em Constantinopla e em Alexandria, no século IV a eucaristia era celebrada no sábado e no domingo. Em Antioquia, também na sexta-feira. Em Jerusalém, em Chipre e nas Igrejas sírias orientais, na quarta-feira, na sexta-feira e nos domingos; durante a quaresma, também no sábado. A ida do fiéis à missa dominical, foi facilitada pelo imperador Constantino, ao declarar esse dia feriado para as atividades públicas. A idéia da santificação do domingo progrediu durante a Idade Média e acabou por se impor como norma nos Estados cristãos. Já havia sido incluído no direito canônico, no fim da antiguidade.

    Durante a cristianização do mundo romano, o culto cristão organizou-se em torno da figura do bispo, na igreja catedral (igreja pública). Com o aumento do número de cristãos, tornou-se necessária a delegação a outros sacerdotes, a celebração da Eucaristia, em outras igrejas. Com as mudanças sociais no fim da Antiguidade, as grandes famílias aristocráticas, começaram a erguer em suas residências, oratórios, para receber a comunhão. Eram as igrejas privadas. Como só os bispos podiam consagrar os altares dessas capelas e oratórios, eles impuseram a colocação de relíquias sob esses altares[xlviii] temendo perder o controle do clero que servisse a essas capelas privadas.

    No final do século IX, começo do século X, a celebração da Eucaristia nos oratórios particulares acabou sendo plenamente autorizada pelo Papa Leão VI, sob a constatação de que as igrejas particulares tinham mais recursos que as igrejas públicas.

    O respeito e atenção devidos à Eucaristia: durante a antiguidade, circularam ideias que apresentavam a eucaristia como medicamento celeste para a cura do corpo e da alma e que se recebida sem as devidas condições, podia levar à condenação do pecador. Daí a multiplicação de regras para sua recepção:

a.  Cipriano[xlix], no século III advertiu os pecadores para que não se aproximassem da eucaristia, tendo em vista sua sacralidade.

b.  Cirilo[l], no século IV dizia que o fiel devia purificar-se e santificar-se pelas orações, a fim de se tornar digno de tais mistérios tão terrificantes, que faziam os cabelos eriçarem.

c.  Somente os fiéis batizados podiam levar suas doações ao altar e participar da eucaristia. Os catecúmenos eram excluídos até o dia do batismo.

d.  Necessidade de uma preparação específica, pureza ritual e consciência pura.

e.  Os monges e religiosos tinham mais acesso à eucaristia do que os leigos, mas todos estavam sujeitos às mesmas regras.

f.  Sacerdotes e diáconos que tivessem comido ou bebido alguma coisa eram proibidos de participar da missa e de permanecer na igreja durante sua celebração.

g.  Para as mulheres eram proibidos o acesso à comunhão e a entrada na igreja, durante a menstruação e depois de um parto, nas Igrejas cristãs do Oriente e do Ocidente, apesar da decisão do Papa Gregório Magno[li], para o qual esse fenômeno natural não acarretava nenhuma impureza ritual.

h.  Para os homens a pureza ritual se referia sobretudo à ejaculação noturna, que para os leigos era motivo de abstenção da eucaristia e para os clérigos a proibição de entrar na igreja.

1.     A abstenção de relações sexuais no dia ou nos dias anteriores à participação na comunhão. Nas Igrejas do Oriente, nas quais os sacerdotes são casados, foi necessário adverti-los contra suas esposas.

O objetivo dos pregadores no respeito à eucaristia e às regras de pureza, produziram seus frutos, mas o seu rigor, muitas vezes baseados nas regras do Antigo Testamento, acabaram por incitar os fiéis a não entrar na igreja e se manterem afastados do altar.

    No final do século IV, padres como João Crisostomo, patriarca de Constantinopla e Cirilo, bispo de Jerusalém, recomendaram receber o corpo de Cristo na palma da mão, postas uma sobre a outra, como se fosse um trono para o Corpo de Cristo e antes de leva-lo à boca, tocar partes do rosto, para a santificação dos sentidos pelo contato com a Eucaristia.

    No fim do século VI o sínodo de Auxerre, proibiu as mulheres de receber a eucaristia na mão nua, pois não eram bastante puras para toca-la.

    No século VI, as orações eucarísticas, em muitas regiões, deixaram de ser ditas em voz alta, prática contestada pelo imperador Justiniano, que decretou que elas fossem pronunciadas em voz alta para que pudessem ser ouvidas pelos leigos. Em algumas igrejas de Antioquia existiam cortinas que eram fechadas na hora da consagração eucarística para acentuar o mistério, de forma que os fiéis não só não ouviam as orações, como também não viam os gestos da consagração.

    No Ocidente, na Roma do século VI, até o fim do século VII, os fiéis ouviam as orações, mas no século IX já não era assim.

    A partir do século IX só os clérigos continuaram a receber a eucaristia na mão e a comungar sob as duas espécies. O período entre os século IV e X foi um tempo de grande diversidade no plano litúrgico. Em Roma os ofícios da catedral de Latrão, não eram iguais aos da basílica de São Pedro, que também não eram iguais aos celebrados nas outras igrejas da cidade. Na Galia, na Inglaterra e na Espanha, os ritos se multiplicavam. A estrutura das orações eucarísticas eram semelhantes, mas o cerimonial e os termos da oração tomavam formas diferentes conforme as regiões e as línguas empregadas.

    Os ritos eucarísticos na sociedade, referentes ao período do fim da Antiguidade e da alta Idade Média, revelam alguns princípios:

a.  O da separação do clero e dos fiéis;

b.  O da separação entre homens e mulheres;

c.  O da hierarquia social, privilegiando os soberanos, à frente das sociedades cristãs.

Nas igrejas da Antiguidade, cada grupo tinha o seu lugar, determinado por um diácono, ou seja, o espaço interno era hierarquizado: primeiro os homens, depois os homens jovens, após, as mulheres, seguidas pelas mulheres jovens e por último, as mulheres com bebês; separação essa que obedecia ao grau de pureza ritual de cada grupo. Outros tipos de divisões eram possíveis.

As vestes litúrgicas, os objetos usados, o cuidado com o altar, tudo era feito para dar um sentido de espaço sagrado às igrejas. O bispo devia usar uma veste esplêndida para celebrar a Eucaristia e diferenciá-lo do resto dos fiéis e tornar a cerimônia mais solene.

VI  -  A   E U C A R I S T I A   N O   O C I D E N T E 
N O S   S É C U L O S   X I   A O   X I I I

    Nesse período, compreendido entre os anos 1000 e 1300, ocorreram mudanças importantes na história do cristianismo, principalmente no que se refere a devoção à Eucaristia e à sua teologia. Decidiu-se quem podia tornar Cristo presente na missa; em que momento da liturgia Cristo se torna presente; quem podia e quando receber a Eucaristia, etc. A devoção popular girava, principalmente, em torno do momento em que Cristo aparece na missa e a presença continuada dele na hóstia. Outra corrente acreditava que algumas orações podiam substituir a recepção da Eucaristia, desde que associadas a uma prática de fé ou de caridade, a chamada “comunhão espiritual”. Alguns grupos de hereges[lii], no século XII negavam a presença de Cristo no sacramento. Os debates teológicos se intensificaram cada vez mais, com o avançar dos séculos.

    O ponto de partida dessas mudanças, se deu ao longo do século XI, com o que chamamos de Reforma Gregoriana, patrocinada pelo Papa Gregório VII. Um dos aspectos mais importantes dessa reforma, referente à Eucaristia, foi o de que somente um sacerdote ordenado de acordo com as regras podia realizar esse sacramento.

    O quarto concílio de Latrão (1215), estipulou que os leigos que atingissem a idade da razão, deveriam receber a Eucaristia uma vez por ano, das mãos do sacerdote de sua paróquia.

    Entre o final do século XI e o século XII, circularam várias teorias sobre o que provocava a presença real de Cristo, no sacramento. Uns diziam que era o sinal da cruz feito pelo celebrante sobre o pão e o vinho; outros que o Cânon inteiro é que realizava a transformação; outros ainda, que era a oração do pai-nosso.

    No final do século XII, os teólogos puseram fim ao debate e acordaram que o que torna o Senhor ressuscitado presente na Eucaristia são as palavras da instituição pronunciadas por um sacerdote ordenado segundo as regras.

    Nos primeiros anos do século XIII foi introduzido o costume de se elevar a hóstia depois da consagração do pão e de se elevar o cálice, depois da consagração do vinho, com a finalidade de anunciar à assembleia que o milagre da transformação tinha acontecido e que o corpo e o sangue de Cristo estavam presentes no altar. Também havia o costume de se tocar os sinos durante a elevação, para anunciar essa presença. No final do século XIII, esse momento, da consagração, tornou-se o ato central da missa. Nesse período apareceu a “Lâmpada do Santíssimo”, perpetuamente acesa para honrar a presença de Jesus nas hóstias consagradas, guardadas no sacrário. Em 1264 o Papa Urbano IV, estendeu a festa do Corpo de Cristo a toda a Igreja, que se espalhou definitivamente no século XIV.


    No século XI recebia-se a eucaristia, geralmente, nas festas da Páscoa, do Natal e de Pentecostes. O 4º concílio de Latrão, no início do século XIII (1215) ordenava que o cristão se confessasse individualmente ao sacerdote da sua paróquia e recebesse a eucaristia pelo menos na Páscoa. Recusar a comunhão significava admitir que se estava em pecado grave e levantar suspeita de heresia. Segundo os teólogos da época, o padre não devia recusar a comunhão a quem a pedisse, mesmo sabendo que o comungante estava em pecado mortal. A recusa seria como dizer publicamente a sua culpa. Nos séculos XI e XII assistiu-se a certa uniformização da liturgia e a partir do século XIII, uma padronização da missa.

    Estima-se que só na França, no período de 1050 a 1350, foram construídas 80 catedrais, 500 grandes Igrejas e 2000 igrejas paroquiais.

    Nos séculos XII e XIII a devoção à presença real de Cristo na Eucaristia era tão grande, que os viajantes costumavam levar o pão consagrado consigo, como um amuleto e os mortos eram enterrados com ele, para assegurar sua entrada no céu.

    A devoção popular chegou a ser uma alternativa à celebração eucarística. A comunhão espiritual tomava o lugar da comunhão sacramental e era um meio dos leigos participarem da Eucaristia.

    Os trabalhos que mais influência tiveram sobre a Eucaristia, foram produzidos no século XII pela Escola da Catedral de Laon e pela Escola dos cônegos agostinianos de São Vitor, em Paris. Para os teólogos dessas escolas a função do sacramento era a de celebrar e de fazer aumentar no fiel a prática da fé e da caridade. Foi também durante o século XII, que apareceu pela primeira vez, o termo transubstanciação, em estudo de um teólogo inglês chamado Robert Pullen, depois usado no Credo, em 1215, no quarto concílio de Latrão, que abrangia explicações referentes ao meio pelo qual Cristo se torna presente na Eucaristia. Importantes, também, foram os trabalhos dos dominicanos Tomás de Aquino e Alberto Magno, no século XIII, a respeito da presença real.

VII  -  A   E U C A R I S T I A   N O   O C I D E N T E 
N O S   S É C U L O S   X I V   A O   X V I

    Após o ano de 1300, a Igreja latina entrou numa fase de desequilíbrios e de fraturas, provocada pelo grande cisma[liii] do Ocidente e consequente perda de poder do papado. Os papas davam mais atenção à diplomacia e às guerras do que às suas funções espirituais e a conduta escandalosa de alguns deles acabou trazendo prejuízo à Igreja e provocando a necessidade de reformas. Durante todo o século XV foram feitos esforços para corrigir abusos do clero.

    A Eucaristia tornou-se objeto de extrema violência, não só entre católicos e protestantes, como também entre as várias escolas do protestantismo entre si. Em, 1520, Lutero criticava a aspereza da missa, dizendo que o homem não tinha nada a oferecer a Deus; podia apenas receber seus dons e que a transubstanciação era apenas uma argumentação da escolástica[liv] apesar de acreditar que Cristo estava realmente presente no pão e no vinho, de modo misterioso. Outro reformador Zwinglio dizia que a eucaristia era só uma representação simbólica do sacrifício do Calvário e que Deus não tinha necessidade nem do pão nem do vinho para comunicar sua graça.

    Apesar do protestantismo, a evolução começada no século XIV continuou ganhando terreno, as confrarias do Santíssimo Sacramento se multiplicaram; nas igrejas importantes e nas catedrais foram introduzidas as capelas do Santíssimo Sacramento e houve um aumento na frequência dos fiéis à comunhão.

VIII  -  A   E U C A R I S T I A   N O   S É C U L O   X V I I
O   M O D E L O   T R I D E N T I N O

    Os objetivos que os clérigos pretendiam com a Reforma Tridentina:

a.  Afirmação do dogma eucarístico, em resposta à negação dos protestantes;

b.  A representação da sociedade em torno de seu centro permanente – a hóstia; e

c.  De seu ato fundador – o sacrifício, foram amplamente alcançados perante o povo, no século XVII.

As confrarias do Santíssimo Sacramento, surgidas no século anterior, foram instrumentos privilegiados da reconquista católica, contra o protestantismo, desejadas pelo Concílio de Trento. Fundar uma, era ponto de honra para todo bom padre, inclusive porque ela formava uma comunidade em torno da paróquia. Como consequência das guerras confessionais que devastavam a Europa no século XVI, as igrejas sofreram muito com a violência iconoclasta (destruição de imagens ou ídolos, por aqueles que não respeitam as tradições). Isso provocou uma restauração das igrejas e uma reformulação interna dos prédios.

O tabernáculo, onde eram guardadas as partículas (hóstias consagradas), passou a ser colocado em cima ou atrás do altar-mor, numa peça chamada de retábulo[lv], que como num cenário, fechava o coro[lvi] ou a abside[lvii] e que aos olhos dos fiéis representava o trono da glória de Jesus.

Essas reformas permitiam a concentração da reunião da assembleia em um só lugar, que facilitava o controle do acesso dos fiéis ao mistério eucarístico e a imposição de uma certa disciplina. Os altares laterais ficaram reservados ao culto dos santos. As lâmpadas perpétuas passaram a ter grande importância e exigidas pelos bispos. Com a igreja restaurada e renovada, os paroquianos passaram a frequentar mais as missas dominicais, inclusive exigindo novos horários para atender aqueles que moravam nas vilas mais afastadas. Todos, ricos e pobres faziam questão de participar dela. Apesar do aumento da frequência às missas, a participação da comunhão ainda era muito pequena no início do século. A presença na missa e a participação na comunhão, como sinal de pertença a igreja católica, só entrou definitivamente para os costumes, no final do século XVII. É dessa época a “invenção” da primeira comunhão para as crianças, como forma de integração na comunidade paroquial.

IX  -  A   E U C A R I S T I A   N O   S É C U L O   X V I I I

    São Francisco de Sales, dizia que a missa é “o coração da devoção”. O século XVIII nos coloca numa encruzilhada em que a fé e a razão parecem divergir a opinião europeia. Ainda é proibida a celebração de diversas missas no mesmo dia, no mesmo altar, em beneficio do mesmo penitente. Esses excessos eram criticados pelos protestantes e provocaram uma releitura do Concílio de Trento. O povo se recusava a seguir passivamente a missa; ele queria desempenhar um papel na liturgia. Esse desejo foi atendido parcialmente: às pessoas cultas eram oferecidos “livros de orações” e depois outros que seguiam o texto do missal. Aos que não sabiam ler eram ensinados cânticos e orações para que pudessem acompanhar a missa.

    Em 1786, no Concílio de Ems, foi pedida a celebração voltada para o povo; menos exposições do Santíssimo; reformas no ofertório e no beijo da paz. Para os domingos foi proposto um só tema, tirado do evangelho do dia, e que tenda a observar alguma virtude particular.

    Os teólogos concordavam que o desejo do Concílio de Trento era unir a dignidade e a frequência, ou seja, que os fiéis comungassem todos os dias, em estado de graça, para assegurar à sua alma a restauração de suas forças e o aumento da graça santificante. As hóstias consagradas, guardadas no sacrário, também se tornaram objeto de orações pessoais. Na Itália, as partículas ou hóstias consagradas eram conservadas num vaso chamado “Cibório”, na Alemanha, de “Casa de Deus” e na Rússia, de “Sion”.

X  -  A   E U C A R I S T I A   N O   S É C U L O   X I X
O S   P R E L Ú D I O S   E   A   E X P A N S Ã O   D O  
M O V I M E N T O   E U C A R Í S T I C O


    No início do século XIX (1802) foi assinada uma Concordata[lviii] entre o governo francês e a Igreja, pela renovação religiosa. Chateaubriand, na sua obra Génie Du Christianisme, quis mostrar a utilidade social e política do cristianismo e o seu valor literário e poético. Primeiro ele fala da Eucaristia como “comunhão”, ao fazer a apresentação dos sacramentos, detendo-se na descrição romântica da primeira comunhão.

    Em seguida, ao falar dos ritos cristãos fundados na Tradição, diz que a Eucaristia é “Uma solenidade que deve ser precedida de uma confissão geral, que pode ser realizada somente depois de uma longa sequência de ações virtuosas; é muito favorável aos bons costumes…”.

    No contexto da Restauração política e religiosa, após 1814, nasceu o tema da reparação dos pecados, principalmente contra a Eucaristia. Foram fundadas diversas associações reparadoras, confrarias e novas congregações religiosas para a devoção eucarística. No mesmo contexto, foram fundadas congregações e associações reparadoras das blasfêmias da violação do domingo como as mensagens de Nossa Senhora em La Salette em 1846 a respeito do repouso e da santificação do domingo. A primeira metade do século XIX foi pródiga em autores que defendiam a devoção eucarística, tanto na França, na Alemanha e na Inglaterra.

    Se a revolução francesa de 1789 já havia influenciado a multiplicação da devoção e das obras eucarísticas, na primeira metade deste século, a revolução de 1848 e a de 1870/71, provocaram uma nova onda reparadora.

    Novos grupos e congregações foram fundados para a reparação eucarística. Em 1881, foi realizado o primeiro Congresso Eucarístico em Lille, na França, que reuniu 363 participantes da França e de outras nações, além de milhares de homens que se juntaram espontaneamente; a partir daí, foram organizados os Congressos internacionais, com a finalidade de fazer, cada vez mais, conhecer, amar e servir Nosso Senhor Jesus Cristo, no Santíssimo Sacramento.

XI  -  A   E U C A R I S T I A   N O   S É C U L O   X X

a.  O século XX nos apresenta dois movimentos, herdados do século anterior: o movimento eucarístico e o movimento litúrgico. Não há uma fronteira muito precisa sobre esses dois movimentos, porque são semelhantes no que se refere à realidade do culto cristão, mas são diferentes porque o primeiro promovia a devoção eucarística e o segundo visava essencialmente à celebração litúrgica da eucaristia.

O Papa Pio X (1903-1914), entre outras decisões, deixou-nos dois decretos eucarísticos importantes:

1.  O decreto sobre a comunhão cotidiana (20/12/1905), onde afirma: “Jesus Cristo e a Igreja desejam que todos os fiéis se aproximem cada dia do banquete sagrado… recebam a força de reprimir suas paixões, e que por meio dele se purifiquem de suas faltas leves… e que possam evitar as faltas graves”;

2.  O decreto sobre a comunhão das crianças (08/08/1910): “os meninos e as meninas devem ser admitidos à santa mesa quando atingem a idade da razão (em torno dos sete anos); Não se requer da criança um conhecimento pleno e perfeito da doutrina cristã, mas que, depois da comunhão, continue a aprender o catecismo inteiro”.

Esses dois decretos são considerado históricos na prática sacramental da Igreja, porque põem fim ao rigorismo moral do jansenismo[lix].

O período compreendido entre as duas guerras mundiais, continuou a produzir efeitos:

-    Os Congressos Eucarísticos, bem como os grupos de ação católica (ligas do Sagrado Coração, Legião de Maria), continuaram, como o Congresso de Chicago, de 1926, que incentivava a comunhão das crianças e jovens, dos ricos e dos pobres, e o de Lyon, de 1927, em que um dos temas foi: “Como tornar atraente a missa?”;

-    A Cruzada Eucarística, de 1917, em Toulouse, na França, que queria formar uma geração eucarística que, comungando cedo, bem e muitas vezes, exploraria a superabundância de vida divina e um apostolado plenamente eficaz;

-    O Missal de Dom Gaspard Lefebvre, bispo belga, de 1920;

-    Movimentos de jovens e missas dialogadas, na França;

-    Interação da pesquisa histórico-teológica e da pastoral, na Bélgica, na Alemanha, na Áustria;

-  Renovação da missa paroquial: comunidade em torno do altar; celebrante voltado para o povo; explicação dos textos e dos gestos litúrgicos, etc.

b.  Os anos que vão da segunda guerra ao Concílio Vaticano II, aparecem como os mais ricos em experiências concretas e em trabalhos dos exegetas, dos teólogos e dos historiadores, sobre liturgia e particularmente sobre a Eucaristia. Há a produção, adaptação e reedição de missais para grupos de crianças, de soldados, para o público em geral.

Em 1948, o Papa Pio XII nomeia uma comissão de reforma litúrgica; em 1950, adverte aqueles que queriam corrigir a doutrina da transubstanciação; em 1953, as regras do jejum eucarístico são abandadas e em 1957, unificadas; em 1951, a vigília pascal volta para seu verdadeiro lugar (à noite) e 1955, todas as celebrações da semana santa. A língua vulgar (vernáculo), pouco a pouco entrou na liturgia e o celebrante cada vez mais se voltava para o povo. Obras capitais foram publicadas nesse período. A grande reforma, a grande abertura da Igreja, o Concílio Vaticano II se aproximava inexoravelmente. Em 1960, os membros da Comissão litúrgica preparatória do Concílio se reúnem pela primeira vez; em 1963, é votada a primeira constituição sobre a liturgia a “Sacrosanctum Concilium”. O Concílio não produziu texto específico sobre a Eucaristia, mas trata dela em muitos dos seus documentos. Coloca a Eucaristia em relação com o sacrifício da cruz e o mistério pascal; restitui a ela o seu lugar como sacramento da iniciação cristã e reforça a relação entre Eucaristia e Igreja, na linha de pensamento, do teólogo Henri de Lubac (1896-1991) com o tema: “A Igreja faz a Eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja”. Em 1965, Paulo VI publica a Encíclica “Mysterium Fidei”, sobre a doutrina e culto da Eucaristia, como consequência dos ensinamentos do Concílio.

Em 1967, são compostas três novas orações eucarísticas; em 1968, foi dada a possibilidade de antecipação da missa dominical para o sábado à noite; em 1969, PauloVI publica o novo “Ordo Missae” (o desenrolar da missa).

    As principais decisões dessa renovação da celebração eucarística foram:
1.  A possibilidade do emprego da língua local;

2.  Novo ordenamento da liturgia da Palavra: um ciclo de leituras divididos em três anos, e uma terceira leitura (do Antigo Testamento) nos domingos e festas, com insistência na homilia;

3.  Restabelecimento da oração, concelebração dos padres, orações eucarísticas ditas em voz alta, em número de quatro, em seguida, de dez.

4.  Comunhão no cálice.

É claro que a implantação dessas decisões não foi totalmente pacífica. Surgiram vários movimentos de oposição às decisões do Concílio Vaticano II, principalmente dentro da própria Igreja; mas entre os fiéis, podemos dizer que a reforma litúrgica foi bem aceita pela maioria.

Hoje, a maioria dos cristãos não quer mais ir à missa por mera obrigação dominical. Ele quer participar e compreender; a participação se tornou um gesto livre, espontâneo e sincero.


Bibliografia:
  • Biblia de Jerusalém – 2003 – 2ª impressão – Paulus.
  • Catecismo da Igreja Católica – 2000 – Loyola.
  • Dicionário Biblico – 1984 – 6ª edição – Paulus – John L. Mckenzie.
  • Enciclopédia da Eucaristia – 2007 – 2ª edição – Paulus – Maurice Brouard – Org.
  • História Geral da Liturgia – 2009 – Paulus – Pe. Gregório Lutz – Org.
  • Didaqué – 1989 – Paulus – Tradução Pe. Ivo Storniolo e Euclides M. Balancin.
  • A Missa: Explicada parte por parte – 2007 – 4ª edição – Paulus – Pe. José Bortolini.
[1] DIDAQUÉ: significa “instrução” ou “doutrina”; é uma compilação de textos litúrgicos e disciplinares, redigidos no final do século I; é um manual de religião, uma espécie de catecismo dos primeiros cristãos.
[1] INÁCIO DE ANTIOQUIA: bispo e mártir cristão; deixou seu testemunho do pensamento eucarístico em sete breves cartas; “A Eucaristia é a carne do nosso Salvador”; “Eu sou o trigo de Deus e serei moído pelos dentes das feras para ser encontrado como puro pão de Cristo”.
[1] JUSTINO: apologista (defensor) e mártir; na sua primeira Apologia encontram-se as mais antigas descrições da liturgia eucarística; é a realização do sacrifício profetizado por Malaquias.
[1] BIBLIA DE JERUSALÉM 2ª Edição, 2003 – Paulus.
[1] Conforme nota da Bíblia: não por revelação direta, mas pela tradição derivada do Senhor.
[1] Jo 6.56.
[1] 1Cor 11,20
[1] Sb 16,20
[1] Jr 31,31-34
[1] 2Rs4,42-44
[1] Oferta a uma divindade, pessoal ou coletiva, de animais e produtos da terra.
[1] 1Cor 10,17.
[1] Ex 16.15ss.
[1] 1 Cor 11,20
[1] 1 Cor 10,21
[1] Lc 24,35 e At 2.42
[1] Jr 16,7
[1] At 27,35
[1] At 11,29 e Rm 15,31
[1] Fl 3,10
[1] CIC 1328 a 1332
[1] Gn 27,27-29
[1] Tendência de unificação de idéias, culturas e doutrinas diferentes.
[1] Mc 6,39 e Lc 7,36
[1] Lc 11,11-12
[1] Em Abitina, na Tunísia, no século IV.
[1] Filósofo judeu (+/- 20 a.C. a 50 d.C.)
[1] Mc 2,16; 7,3ss
[1] Historiador judeu, em seu livro “A guerra dos judeus”
[1] Lc 5,30; Jo 6,41; At 6,1; 1Cor 10,10
[1] Cl 1,18-24
[1] 1Cor 12,12s e 27/ Rm 12,4s
[1] At 6,1-4
[1] 1Cor 11,26
[1] Ex 16,4
[1] Mc 6,11; Lc 11,3; Didaqué VIII,2
[1] 1Cor 16,2; At 20,7
[1] 1Cor 10,14-22; 11,17-34
[1] 1Cor 10,31
[1] 1Cor 11,22
[1] 1Cor 11,23-26
[1] Jo 13-18
[1] Jo 2,1-12
[1] Jo 4,14
[1] Jo 6.12
[1] Lc 22,27
[1] Ambrósio, bispo de Milão
[1] Relíquia: parte do corpo de um santo ou de qualquer objeto que a ele tenha pertencido, ou que tenha tocado seu cadáver.
[1] Cipriano, bispo de Cartago: a ele se deve o único texto consagrado  inteiramente à eucaristia, anterior ao concílio de Nicéia.
[1] Cirilo, bispo de Jerusalém: alertou para a realidade da eucaristia, como verdadeiro corpo de Cristo.
[1] Gregório: monge, papa e doutor da Igreja.
[1] Grupos que professavam doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja como sendo matéria de fé.
[1] O grande cisma do Ocidente durou de 1378 a 1417 e foi caracterizado pela existência de dois Papas durante o período. Terminou com a unificação do papado, durante o concílio de Constância (1414 a 1418).
[1] Doutrina teológico-filosofica, dominante na Idade Média (séculos IX ao XVII) caracterizada por problemas de relação entre a fé e a razão.
[1] Peça de madeira, mármore ou outro material, que fica em cima ou atrás do altar e que guarda um painel pintado ou em baixo relevo.
[1] Entre outras coisas, é a parte da igreja, no altar-mor, onde seus membros rezam em comum.
[1] É a parte abobadada ou semicircular das igrejas, onde fica o altar-mor. Também um oratório curvado, por detrás do altar-mor. Lugar próprio para exaltar a presença real da Eucaristia.
[1] Convenção entre o Estado e a Igreja, acerca de assuntos religiosos de uma nação.
[1] Doutrina de Jansênio, teólogo holandês sobre a graça e a predestinação do homem, com tendência ao rigorismo moral.
              Anexo I

O R A Ç Õ E S   E U C A R I S T I C A S
(Bíblia de Jerusalém)
I- ou Cãnon Romano – Pai de misericórdia, a quem sobem nossos louvores, nós vos pedimos por Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, que abençoeis estas oferendas apresentadas ao vosso altar;
II – Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo poderoso, por Cristo, Senhor nosso…
III- Na verdade, vós sois santo, ó Deus do universo, e tudo o que criastes proclama o vosso louvor, porque, por Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, e pela força do Espírito Santo, dais vida e santidade a todas as coisas e não cessais de reunir o vosso povo para que vos ofereça em toda parte, do nascer ao por do sol, um sacrifício perfeito.
IV-  Na verdade, ó Pai, é nosso dever dar-vos graça, é nossa salvação dar-vos glória: só vós sois o Deus vivo e verdadeiro que existis antes de todo o tempo e permaneceis para sempre, habitando em luz inacessível…
V- ( do Congresso de Manaus) – É justo e nos faz todos ser mais santos louvar a vós, ó Pai, no mundo inteiro, de dia e de noite, agradecendo com Cristo, vosso Filho, nosso irmão…
VI-a. A Igreja a caminho da Unidade – Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças e cantar-vos um hino de glória e louvor, Senhor, Pai de infinita bondade…
b. Deus conduz sua Igreja pelo caminho da salvação – Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santos, criador do mundo e fonte da vida…
c. Jesus, caminho para o Pai – Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação, dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Pai santo, Senhor do céu e da terra, por Cristo, Senhor nosso…
d. Jesus que passa fazendo o bem – Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação, dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Pai misericordioso e Deus fiel. Vós nos destes vosso Filho Jesus Cristo, nosso Senhor e Redentor…
VII – Sobre reconciliação – Na verdade, é justo e bom agradecer-vos, Deus Pai, porque constantemente nos chamais a viver na felicidade completa. Vós, Deus de ternura e de bondade, nunca vos cansais de perdoar…
VIII – Sobre reconciliação II – Nós vos agradecemos, Deus Pai todo-poderoso, e por causa da vossa ação no mundo vos louvamos pelo Senhor Jesus…
IX – Para missas com crianças – Deus nosso Pai, vós nos reunistes e aqui estamos todos juntos, para celebrar vossos louvores com o coração em festa. Nós vos louvamos por todas as coisas bonitas que existem no mundo e também pela alegria que dais a todos nós.
X – Para missas com crianças II – O Pai querido, como é grande a nossa alegria em vos agradecer e, unidos com Jesus, cantar vosso louvor. Vós nos amais tanto que fizestes para nós mundo tão grande e tão bonito
XI – Para missas com crianças III – Muito obrigado porque nos criastes, ó Deus. Querendo bem uns aos outros, viveremos no vosso amor. Vós nos dais a grande alegria, de encontrar nossos amigos e conversar com eles. Podemos assim repartir com os outros as coisas bonitas que temos e as dificuldades que passamos
    Cada oração eucarística tem suas características particulares, de acordo com tema do dia ou o tempo litúrgico, mas todas tem o seguinte esquema:

1.     Prefácio (abertura);

1.     Santo;

1.     Epiclese (invocação sobre as oferendas);

1.     Narrativa da instituição e consagração;

1.     Anamnese (memorial);

1.     Oblação (ofertório);

1.     Intercessões (pela Igreja, pela comunidade e pelos falecidos); e,

1.     Doxologia final (por Cristo, com Cristo, em Cristo…).




[i] DIDAQUÉ: significa “instrução” ou “doutrina”; é uma compilação de textos litúrgicos e disciplinares, redigidos no final do século I; é um manual de religião, uma espécie de catecismo dos primeiros cristãos.
[ii] INÁCIO DE ANTIOQUIA: bispo e mártir cristão; deixou seu testemunho do pensamento eucarístico em sete breves cartas; “A Eucaristia é a carne do nosso Salvador”; “Eu sou o trigo de Deus e serei moído pelos dentes das feras para ser encontrado como puro pão de Cristo”.
[iii] JUSTINO: apologista (defensor) e mártir; na sua primeira Apologia encontram-se as mais antigas descrições da liturgia eucarística; é a realização do sacrifício profetizado por Malaquias.
[iv] BIBLIA DE JERUSALÉM 2ª Edição, 2003 – Paulus.
[v] Conforme nota da Bíblia: não por revelação direta, mas pela tradição derivada do Senhor.
[vi] Jo 6.56.
[vii] 1Cor 11,20
[viii] Sb 16,20
[ix] Jr 31,31-34
[x] 2Rs4,42-44
[xi] Oferta a uma divindade, pessoal ou coletiva, de animais e produtos da terra.
[xii] 1Cor 10,17.
[xiii] Ex 16.15ss.
[xiv] 1 Cor 11,20
[xv] 1 Cor 10,21
[xvi] Lc 24,35 e At 2.42
[xvii] Jr 16,7
[xviii] At 27,35
[xix] At 11,29 e Rm 15,31
[xx] Fl 3,10
[xxi] CIC 1328 a 1332
[xxii] Gn 27,27-29
[xxiii] Tendência de unificação de idéias, culturas e doutrinas diferentes.
[xxiv] Mc 6,39 e Lc 7,36
[xxv] Lc 11,11-12
[xxvi] Em Abitina, na Tunísia, no século IV.
[xxvii] Filósofo judeu (+/- 20 a.C. a 50 d.C.)
[xxviii] Mc 2,16; 7,3ss
[xxix] Historiador judeu, em seu livro “A guerra dos judeus”
[xxx] Lc 5,30; Jo 6,41; At 6,1; 1Cor 10,10
[xxxi] Cl 1,18-24
[xxxii] 1Cor 12,12s e 27/ Rm 12,4s
[xxxiii] At 6,1-4
[xxxiv] 1Cor 11,26
[xxxv] Ex 16,4
[xxxvi] Mc 6,11; Lc 11,3; Didaqué VIII,2
[xxxvii] 1Cor 16,2; At 20,7
[xxxviii] 1Cor 10,14-22; 11,17-34
[xxxix] 1Cor 10,31
[xl] 1Cor 11,22
[xli] 1Cor 11,23-26
[xlii] Jo 13-18
[xliii] Jo 2,1-12
[xliv] Jo 4,14
[xlv] Jo 6.12
[xlvi] Lc 22,27
[xlvii] Ambrósio, bispo de Milão
[xlviii] Relíquia: parte do corpo de um santo ou de qualquer objeto que a ele tenha pertencido, ou que tenha tocado seu cadáver.
[xlix] Cipriano, bispo de Cartago: a ele se deve o único texto consagrado  inteiramente à eucaristia, anterior ao concílio de Nicéia.
[l] Cirilo, bispo de Jerusalém: alertou para a realidade da eucaristia, como verdadeiro corpo de Cristo.
[li] Gregório: monge, papa e doutor da Igreja.
[lii] Grupos que professavam doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja como sendo matéria de fé.
[liii] O grande cisma do Ocidente durou de 1378 a 1417 e foi caracterizado pela existência de dois Papas durante o período. Terminou com a unificação do papado, durante o concílio de Constância (1414 a 1418).
[liv] Doutrina teológico-filosofica, dominante na Idade Média (séculos IX ao XVII) caracterizada por problemas de relação entre a fé e a razão.
[lv] Peça de madeira, mármore ou outro material, que fica em cima ou atrás do altar e que guarda um painel pintado ou em baixo relevo.
[lvi] Entre outras coisas, é a parte da igreja, no altar-mor, onde seus membros rezam em comum.
[lvii] É a parte abobadada ou semicircular das igrejas, onde fica o altar-mor. Também um oratório curvado, por detrás do altar-mor. Lugar próprio para exaltar a presença real da Eucaristia.
[lviii] Convenção entre o Estado e a Igreja, acerca de assuntos religiosos de uma nação.
[lix] Doutrina de Jansênio, teólogo holandês sobre a graça e a predestinação do homem, com tendência ao rigorismo formal.
Anexo I
O R A Ç Õ E S   E U C A R I S T I C A S
(Bíblia de Jerusalém)

I
ou Cânon Romano
-
Pai de misericórdia, a quem sobem nossos louvores, nós vos pedimos por Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, que abençoeis estas oferendas apresentadas ao vosso altar
II

-
Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo poderoso, por Cristo, Senhor nosso…
III

-
Na verdade, vós sois santo, ó Deus do universo, e tudo o que criastes proclama o vosso louvor, porque, por Jesus Cristo, vosso Filho e Senhor nosso, e pela força do Espírito Santo, dais vida e santidade a todas as coisas e não cessais de reunir o vosso povo para que vos ofereça em toda parte, do nascer ao por do sol, um sacrifício perfeito.
IV

-
Na verdade, ó Pai, é nosso dever dar-vos graça, é nossa salvação dar-vos glória: só vós sois o Deus vivo e verdadeiro que existis antes de todo o tempo e permaneceis para sempre, habitando em luz inacessível…
V
(do Congresso de Manaus)
-
É justo e nos faz todos ser mais santos louvar a vós, ó Pai, no mundo inteiro, de dia e de noite, agradecendo com Cristo, vosso Filho, nosso irmão…
VI a.
A Igreja a caminho da unidade
-
Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças e cantar-vos um hino de glória e louvor, Senhor, Pai de infinita bondade…
VI b.
Deus conduz sua Igreja pelo caminho da salvação
-
Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santos, criador do mundo e fonte da vida…
VI c.
Jesus, caminho para o Pai
-
Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação, dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Pai santo, Senhor do céu e da terra, por Cristo, Senhor nosso…
VI d.
Jesus que passa fazendo o bem
-
Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação, dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Pai misericordioso e Deus fiel. Vós nos destes vosso Filho Jesus Cristo, nosso Senhor e Redentor…
VII
Sobre reconciliação
-
Na verdade, é justo e bom agradecer-vos, Deus Pai, porque constantemente nos chamais a viver na felicidade completa. Vós, Deus de ternura e de bondade, nunca vos cansais de perdoar…




VIII
Sobre reconciliação II
-
Nós vos agradecemos, Deus Pai todo-poderoso, e por causa da vossa ação no mundo vos louvamos pelo Senhor Jesus…
IX
Para missas com crianças
-
Deus nosso Pai, vós nos reunistes e aqui estamos todos juntos, para celebrar vossos louvores com o coração em festa. Nós vos louvamos por todas as coisas bonitas que existem no mundo e também pela alegria que dais a todos nós
X
Para missas com crianças II
-
O Pai querido, como é grande a nossa alegria em vos agradecer e, unidos com Jesus, cantar vosso louvor. Vós nos amais tanto que fizestes para nós mundo tão grande e tão bonito
XI
Para missas com crianças III
-
Muito obrigado porque nos criastes, ó Deus. Querendo bem uns aos outros, viveremos no vosso amor. Vós nos dais a grande alegria, de encontrar nossos amigos e conversar com eles. Podemos assim repartir com os outros as coisas bonitas que temos e as dificuldades que passamos

    Cada oração eucarística tem suas características particulares, de acordo com tema do dia ou o tempo litúrgico, mas todas tem o seguinte esquema:
a. Prefácio (abertura);
b. Santo;
c. Epiclese (invocação sobre as oferendas);
d.  Narrativa da instituição e consagração;
e. Anamnese (memorial);
f. Oblação (ofertório);
g. Intercessões (pela Igreja, pela comunidade e pelos falecidos); e,
h. Doxologia final (por Cristo, com Cristo, em Cristo…).

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