Olá, seja bem vindo ao Blog da CRISMA da Paróquia São Francisco de Assis - Comunidade dos Mangabeiras VI e VII - João Pessoa - PB! ! !

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Inscrições ABERTAS - Crisma 2011!

1 → C O M E N T Á R I O S
Inscrições ABERTAS - Crisma 2011!



"...Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo".
(Lc 3,16)

Abertas as inscrições para a 
Crisma de jovens e adultos!


ATENÇÃO!
Informações referentes a 
Crisma da Comunidade do 
Mangabeira VII
Matriz São Francisco de Assis



Critérios para inscrição:


• 14 anos completos;


• Uma foto 3x4;


• Somente o crismando poderá fazer
a inscrição;


• Apresentar um documento que
comprove a idade;


• Maiores informações com os catequistas da Crisma ou na Secretaria Paroquial (Paróquia São Francisco de Assis).





Pastoral da Crisma

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O SACRAMENTO DA CRISMA: VIGOR ESPIRITUAL

0 → C O M E N T Á R I O S
A confirmação ou crisma é o sacramento, cuja graça específica é dar vigor espiritual. Dia venturoso, este do Pentecostes daquele que foi batizado. Data feliz na qual recebe o epígono de Cristo singular fortalecimento. A plenitude dos dons do Espírito Santo e a robustez das virtudes infusas lhe são outorgadas em vista à maturidade cristã. O discípulo de Cristo se torna então apto para colher os frutos espirituais (Gl 5,22). Marcado com o caráter crismal, torna-se soldado do Redentor para um testemunho autêntico de seu Chefe e Senhor.

No Novo Testamento está claro que, por meio da imposição das mãos, num rito especial e sumamente significativo, era comunicado o Espírito Santo. Este texto dos Atos dos Apóstolos focaliza o que Pedro e João fizeram na Samaria: "Ora os Apóstolos que estavam em Jerusalém, tendo ouvido dizer que a Samaria tinha recebido a palavra de Deus, mandaram-lhe Pedro e João, os quais tendo chegado, fizeram oração por eles a fim de receberem o Espírito Santo; porque ele ainda não tinha descido sobre nenhum deles, mas somente tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus" (At 8, 14-17).

Em Éfeso, Paulo falou a alguns fiéis sobre o Paráclito "e, tendo-lhes imposto as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam línguas e profetizavam" ( Ef 19,1-7). Aos coríntios o mesmo Paulo diz: "Ora, o que nos confirma em Jesus Cristo convosco, e que nos ungiu, é Deus, o qual também nos imprimiu o seu selo, e deu em nossos corações o penhor do Espírito" ( 2 Cor 2,15). Jesus prometeu o Espírito Santo aos seus seguidores: "Quando, porém, vier o consolador que vos enviarei, ele dará testemunho de mim" ( Jo 15,26).

É na crisma que se recebe este Espírito divino através da imposição das mãos do bispo, que é o chefe da milícia espiritual. Pelo batismo, o ser racional se torna templo do Espírito Santo. Na crisma esta casa santa de Deus recebe sua consagração solene. O aumento da graça santificante é outro efeito da recepção condigna da confirmação. Verifica-se uma maior participação na vida de Deus. Cristo significa ungido. O cristão é outro Cristo. Assim é sujeito da unção do crisma, ou seja, do óleo de oliveira misturado com o bálsamo aromático. Extraordinária a nobreza do discípulo do Salvador, escolhido para missão tão sublime de cooperar na salvação do mundo. É preciso então, como deseja o apóstolo Paulo trescalar "o bom odor de Cristo" (2,Cor 2,15).

Adite-se que o óleo, considerado como fonte de força e destreza para os desportistas, patenteia também a situação de quem se tornou, atleta de Cristo: "Não sabeis que os que correm no estádio, correm sim todos, mas um só é que alcança o prêmio? Correi, pois, de tal maneira que o alcanceis" (1 Cor 9,24). Eis aí o duplo simbolismo do óleo na confirmação, significado plurivalente de tanta importância para quem tem o dom da fé. Através dos tempos os teólogos patenteiam que a crisma é o ponto da existência cristã no qual se chega "ao estado do homem perfeito, segundo a medida da idade completa de Cristo" (Ef 4,13).

Esta é a magna responsabilidade de quem foi batizado: ser testemunha autêntica do Redentor. Adite-se que a devoção ao Espírito Santo cumpre seja uma das características da espiritualidade daquele que foi crismado. Esta devoção inclui a maleabilidade e a disponibilidade, uma vez que, o seguidor do Evangelho, atento sempre aos recados interiores do Paráclito, está em estado de permanente vigília para colocar em prática o que lhe é inspirado. Verifica-se, deste modo, a corajosa confissão da fé recebida no batismo. Quem foi crismado se torna valente, revestido com toda a armadura celeste, está apto para a pugna contra os mais fortes inimigos de sua salvação e os vence. A luta pela vida se faz então menos árdua, porque as vitórias se sucedem por força da presença do Consolador. Isto adestra o discípulo de Jesus para obter a coroa imperecível da glória eterna.

Por Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Publicado em 03/02/2002
Fonte: http://www.veritatis.com.br/article/602

Sacramento da Crisma: Força de Deus

1 → C O M E N T Á R I O S

A Crisma é a força de Deus. Nós só conseguimos viver porque Deus nos dá essa força. Essa força de Deus é o Espírito Santo agindo em nós. Na Igreja, a experiência de nossa vida é celebrada no sacramento da Crisma. A Crisma é o sacramento do cristão que está amadurecendo na fé.

Juntamente com o Batismo e a Eucaristia, o sacramento da Confirmação constitui o conjunto dos “sacramentos da iniciação cristã” cuja unidade deve ser salvaguardada. Por isso, é preciso explicar aos fiéis que a recepção deste sacramento é necessária à consumação da graça batismal. Com efeito, pelo sacramento da Confirmação “os fiéis” são vinculados mais perfeitamente à Igreja, enriquecidos de força especial do Espírito Santo, e assim mais estritamente obrigados à fé que, como verdadeiras testemunhas de Cristo, devem difundir e defender tanto por palavras como por obras.

Durante a primeira vinda de Cristo sobre a Terra, Ele prometeu aos seus apóstolos o Paráclito (advogado, defensor). Jesus também promete o Espírito Santo para nós, e nos é concedido através do Sacramento da Confirmação. A Crisma também é chamado Sacramento da Confirmação, pois através dele confirmamos o nosso Batismo que recebemos na maioria das vezes quando criança.

Confirmar o Batismo é muito importante, pois quando criança não temos a consciência do Sacramento, mais sim os nossos parentes mais próximos que resolveram levá-lo até a pia batismal. Já na Crisma, não são os seus parentes que escolhem se queres ou não receber o Crisma, mas sim você mesmo.

No sacramento da Crisma recebemos os dons do Espírito Santo: Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Piedade, Ciência e Temor de Deus. Eles são dons que nos aproximam de nossa vocação: a Santidade.

Quando recebemos o Espírito Santo e nos abrimos inteiramente à graça sacramental não agimos em nós, mas sim o próprio Deus nos usa de instrumento e agi em nós. Por isso podemos considerar o crismando uma pessoa com grandes responsabilidades. Veja: No Batismo recebemos o Espírito Santo e nos transformamos de criaturas de Deus para Filhos de Deus. Já na Crisma dizemos com consciência: Quero ser Filho de Deus e assumir a minha missão de evangelizar.

O mesmo Deus que os apóstolos receberam no dia de Pentecostes é o mesmo que recebemos no Sacramento da Crisma, por isso a mesma autoridade que eles tinham ao anunciar a Palavra de Deus é a mesma que possuímos. O dia em que nos crismamos é sem dúvida o dia de nosso Pentecostes. Onde o Espírito Santo nos é enviado para transformar e santificar.

As transformações do Espírito Santo são nitidamente vistas na Bíblia. Observe: Vamos dar o exemplo do apóstolo Pedro. Antes do dia de Pentecostes era um pescador de pouca instrução, medroso, incrédulo e infiel. Quando se passou o dia de Pentecostes, melhor dizendo, logo ao sair do cenáculo onde o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos e Maria, ele realizou um discurso que prova o poder do Espírito Santo (At 2, 14-41). Podemos até duvidar se realmente era o mesmo Pedro pescador e incrédulo.

Foi a partir daí que a Igreja se firmou, ou seja, foi através do Papa São Pedro que a Igreja de Jesus Cristo surgiu. Vejamos: se somos também Igreja, é através do Sacramento da Crisma que firmamos em nós o “tijolo” eclesial que somos.


Se você jovem ou adulto, não é crismado ainda, procure a sua Paróquia e em 2011, dê esse passo na sua caminhada. Não perca mais tempo! Todos os cristãos precisam ser crismados para atear o fogo do Espírito Santo no Mundo.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Inscrições para a Crisma

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Inscrições para a Crisma 2011!


"...Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo".
(Lc 3,16)



Abertas as inscrições para a 
Crisma de jovens e adultos!


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Pastoral da Crisma

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Crismandos 2010

0 → C O M E N T Á R I O S
Com a força do Espírito Santo de Deus em Jesus somos impulsionados a seguir em frente com a nossa missão!


Momentos de Oração e confraternização!








sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Origem da Igreja e do Papado

0 → C O M E N T Á R I O S
Há quem diga que o título de Católica só foi atribuído à Igreja pelo Concílio de Constantinopla I em 381 por decreto do Imperador Teodósio - alegação esta desmentida pelo fato mesmo de que já S. Inácio de Antioquia, nos primeiros anos do século II, falava de Igreja Católica. Quanto ao termo Papa, só foi aplicado ao Bispo de Roma no século V de maneira enfática; todavia a função de Pedro como chefe do colégio apostólico já está delineada nos escritos do Novo Testamento; no caso, o que importa não é o nome, mas o exercício da função. O seguinte artigo de um jornal deixou vários leitores confusos. Daí então, vamos as respostas.

A Origem do Vaticano e do Papa

A Igreja recebeu o nome de "católica" somente no ano 381, no Concílio "Conctos Populos" dirigido pelo imperador romano Teodósio. Devido às alterações que fez, deixou de ser apostólica e não sabemos como pode ser romana e universal ao mesmo tempo. (Hist. Ecles., I pg. 47, Riva ux). Até o século V não houve "papa" como conhecemos hoje. Esse tratamento de ternura começou a ser aplicado a todos os bispos a partir do ano 304. (Cônego Salin, Ciência e Religião. Tom. 2 pg. 56).
O texto em foco contém várias imprecisões (para não dizer vários erros), como se evidenciará nas linhas seguintes.

1. Igreja Católica: desde quando?

A expressão "Igreja Católica" não tem origem no fim do século IV, mas encontra-se sob a pena de S. Inácio, Bispo de Antioquia (+107 aproximadamente), que nos primeiros anos do século II escrevia: "Onde quer que se apresente o Bispo, ali esteja também a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus nos assegura a presença da Igreja Católica" (Aos Esmirnenses 8,2).
A expressão "católica" parece designar, em primeira instância, a universalidade da Igreja (ela está em toda parte, e não somente nesta ou naquela comunidade). Todavia os intérpretes do texto julgam que algo mais está dito aí: S. Inácio terá tido em vista a Igreja autêntica, verdadeira, perfeita. Desde fins do século II se torna freqüente o sentido de universal, sem, porém, excluir o de autêntica, isto é, portadora de todos os meios de salvação instituídos por Cristo. Esta segunda acepção se tornava necessária pelo fato de haver correntes ou "igrejinhas" heréticas, separadas da Igreja grande, nos primeiros séculos (como até hoje as há).
O sentido de "autêntica" atribuído ao adjetivo "católica" encontra-se regularmente nos escritos dos primeiros séculos. A partir do século III, pode-se dizer que "católica" significa a verdadeira Igreja, esparsa pelo mundo ou também alguma comunidade local que esteja em comunhão com a Grande Igreja. Quanto à origem da palavra "católico", é preciso procurá-la no grego profano. Com efeito; para Aristóteles (+322 a.C.), "kath'holon" significa "segundo o conjunto, em geral"; o vocábulo é aplicado às proposições universais. O filósofo estóico Zenon (+262 a.C.) escreveu um tratado sobre os universais intitulado "katholiká"; são católicos os princípios universais. Políbio (+128 a.C.) falou da história universal em comum, dizendo-a "Tès katholikès kal koinès Historias". Para o judeu Filon de Alexandria (+44 d.C), "katholikós" significa "geral", em oposição a "particular"; os deuses astrais da Síria eram ditos "katholikoí". Tal vocábulo é, pela primeira vez (como dito), aplicado à Igreja por S. Inácio de Antioquia (+107 aproximadamente).

2. Que houve então em 381?

Em 381 realizou-se o Concílio Geral de Constantinopla, que repetiu a fórmula Igreja Católica, professando: "Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica". O Concílio nada inovou; apenas reiterou a fórmula antiga. Põe-se então a pergunta: que dizer do mencionado decreto do Imperador Teodósio? Impõe-se notar logo que o decreto data de 380, e não de 381. Com efeito; sob Teodósio I (379-95), que reinou no Oriente do Império Romano, registraram-se acontecimentos importantes.
Aos 28/02/380, o Imperador assinou um decreto que tornava oficial a fé católica "transmitida aos romanos pelo apóstolo Pedro, professada pelo Pontífice Dâmaso e pelo Bispo de Alexandria, ou seja, o reconhecimento da Santa Trindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Com estas palavras, Teodósio abraçava, para si e para o Império, o Credo que, proveniente dos Apóstolos, era professado então pelo Papa Dâmaso (366-84) e pelo Bispo S. Atanásio de Alexandria, grande defensor da fé ortodoxa na controvérsia contra os arianos. Assim o Cristianismo, que Constantino I tornara lícito em 313, era feito religião oficial do Império Romano. "Não sabemos como a Igreja pode ser romana e universal".
- O título "romana" não implica nacionalismo nem particularismo. É apenas o título que indica o endereço da sede primacial da Igreja. Na verdade, a Igreja, atuando neste mundo, precisa de ter seu endereço ou seu referencial postal, que é o do Bispo de Roma, feito Chefe visível por Cristo. Por conseguinte a Igreja Católica recebe o título de "Romana" sem prejuízo para a sua catolicidade ou universalidade. De modo semelhante, Jesus, Salvador de todos os homens, foi dito "Nazareno", porque, convivendo com os homens, precisava de um endereço, que foi a cidade de Nazaré.

3. Apostolicidade

Diz a notícia de jornal: "Devido às alterações que fez, a Igreja deixou de ser apostólica". Em resposta, torna-se oportuno, antes do mais, examinar o que signifique o atributo "apostólica" aplicado à Igreja. Já no Novo Testamento se encontra a noção de que o patrimônio da fé não chega aos fiéis como algo descido do céu diretamente, mas, sim, como algo que parte do Pai, passa por Jesus Cristo, pelos Apóstolos e, finalmente, chega a cada indivíduo no seu respectivo tempo. Assim, por exemplo, Jo 1, 1-3: "O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida... nós vos anunciamos esta Vida eterna, que estava voltada para o Pai e que vos apareceu". Cf. Jo 17, 7s; 2 0, 21; Mt 28,18-20; Rm 10,13-17; 2Tm 2, 2; Tt 1,5.
Os primeiros escritores da Igreja retomaram e estenderam essa série de comunicações ou missões. Assim lemos em Tertuliano:
"Sem dúvida, é preciso afirmar que as igrejas receberam dos Apóstolos; os Apóstolos receberam de Cristo, e Cristo recebeu de Deus" (De Praescriptione Haereticorum 21, 4). Os antigos davam grande apreço às listas de Bispos que houvessem ocupado uma sede outrora fundada ou governada por um Apóstolo. S. Ireneu de Lião (+202) é o autor de um desses catálogos: "Depois de ter assim fundado e edificado a Igreja, os bem-aventurados Apóstolos transmitiram a Lino o cargo do episcopado... Anacleto lhe sucede. Depois, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, é a Clemente que cabe o episcopado... A Clemente sucedem Evaristo, Alexandre; em seguida, em sexto lugar a partir dos Apóstolos, é instituído Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aniceto, Sotero, sucessor de Aniceto; e, agora, Eleutério detém o episcopado em décimo segundo lugar a partir dos Apóstolos" (Contra as Heresias III,2,1s).
Com outras palavras: para os antigos, a Igreja é uma comunidade que teve início com os Apóstolos, mas está destinada a se prolongar até o fim dos tempos, de modo que Ela não é senão o desabrochamento do cerne dos Apóstolos. Vejam-se as palavras de Tertuliano (+220 aproximadamente): "Foi primeiramente na Judéia que eles (os Apóstolos escolhidos e enviados por Jesus Cristo) implantaram a fé em Jesus Cristo e estabeleceram comunidades. Depois partiram pelo mundo afora e anunciaram às nações a mesma doutrina e a mesma fé. Em cada cidade fundaram Igrejas, às quais, desde aquele momento, as outras Igrejas emprestam a estaca da fé e a semente da doutrina; aliás, diariamente emprestam-nas, para que se tornem elas mesmas Igrejas. A este título mesmo são consideradas comunidades apostólicas, na medida em que são filhas das Igrejas apostólicas. Cada coisa é necessariamente definida pela sua origem. Eis por que tais comunidades, por mais numerosas e densas que sejam, não são senão a primitiva Igreja apostólica, da qual todas procedem... Assim faz-se uma única tradição de um mesmo Mistério" (De Praescriptione Haereticorum 2, 4-7.9).
A necessidade de distinguir das correntes cismáticas a verdadeira Igreja de Cristo provocou a acentuação e a utilização mais e mais freqüente do predicado da apostolicidade: a Igreja verdadeira vem de Cristo mediante os Apóstolos, ao passo que as correntes heréticas e as seitas não podem reivindicar para si o título de apostólicas. A partir do século XII começaram a aparecer pequenos tratados sobre a Igreja Apostólica frente às seitas dissidentes. Aliás, foram as heresias que provocaram a publicação de tratados explícitos sobre a Igreja.
No século XVI a apologética católica, frente à reforma protestante, explanou largamente a origem apostólica da Igreja Católica. Os teólogos puseram em evidência que aqueles que se afastam da Igreja fundada por Cristo e entregue aos Apóstolos, é que perdem o direito de constituir a Igreja Apostólica. Os reformados têm um fundador humano para cada uma de suas denominações, que pretende recomeçar a história do Cristianismo séculos após a geração dos Apóstolos, portanto sem o clássico caráter de apostolicidade.
Quanto às "alterações" na Igreja, não são mais do que o desabrochar da semente lançada por Cristo. A árvore plenamente desenvolvida é da mesma natureza que a própria semente, e vice-versa. Tal desabrochamento - lógico e necessário - foi acompanhado pelo Espírito Santo prometido por Jesus à Igreja (cf. Jo 14,26; 16,13-15) para que conserve e transmita incólume o depósito da fé. Caso o Senhor não tivesse providenciado essa garantia de fidelidade e autenticidade através dos séculos, teria sido vão o seu sacrifício na Cruz. É, pois, necessário dizer que na Igreja Apostólica (fundada por Cristo e entregue aos Apóstolos) se mantém viva e pura a mensagem apregoada pelo Divino Mestre.

4. Origem do Papado

Lê-se no citado tópico de jornal: "Até o século V não houve Papa como conhecemos hoje" - A resposta a esta afirmação dependerá de como entender a expressão "Papa como conhecemos hoje". Se entendemos que se trata de Papa com uso dos meios de comunicação modernos (televisão, rádio, internet ...) e viagens aéreas, está claro que não houve Papa de tal tipo na Antigüidade. Todavia, se se entende Papa no sentido de chefe visível da Igreja, encontra-se tal figura já nos escritos do Novo Testamento. Com efeito; Pedro aí aparece como aquele a quem Jesus confia as chaves do reino dos céus (cf. Mt 16,17-19) e entrega o pastoreio das suas ovelhas (cf. Lc 22, 31 s; Jo 21,15-17). O aspecto bíblico da questão já foi repetidamente abordado [...]. Sejam acrescentados alguns traços significativos da história da Igreja.
Não se pode esperar encontrar nos primeiros séculos um exercício do Papado (ou das faculdades entregues por Jesus a Pedro e seus sucessores) tão nítido quanto nos séculos posteriores. As dificuldades de comunicação e transporte explicam que as expressões da função papal tenham sido menos freqüentes do que em épocas mais tardias. Como quer que seja, podemos tecer a história do exercício dessas funções nos seguintes termos: A Sé de Roma sempre teve consciência de que lhe tocava, em relação ao conjunto da Igreja, uma tarefa de solicitude, com o direito de intervir onde fosse necessário, para salvaguardar a fé e orientar a disciplina das comunidades. Tratava-se de ajuda, mas também, eventualmente, de intervenção jurídica, necessária para manter a unidade da Igreja. O fundamento dessa função eram os textos do Evangelho que privilegiam Pedro, como também o fato de que Pedro e Paulo haviam consagrado a Sé de Roma com o seu martírio, conferindo a esta uma autoridade singular.
Eis algumas expressões do primado do Bispo de Roma:
No século II houve, entre Ocidentais e Orientais, divergências quanto à data de celebração da Páscoa. Os cristãos da Ásia Menor queriam seguir o calendário judaico, celebrando-a na noite de 14 para 15 de Nisã (daí serem chamados quartordecimanos), independentemente do dia da semana, ao passo que os Ocidentais queriam manter o domingo como dia da Ressurreição de Jesus (portanto, o domingo seguinte a 14 de Nisã Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro:
Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros:
16. Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me?
Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo.
Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros:
17. Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.);
O Bispo S. Policarpo de Esmirna foi a Roma defender a causa dos Orientais junto ao Papa Aniceto em 154; quase houve cisão da Igreja. S. Ireneu, Bispo de Lião (Gália) interveio, apaziguando os ânimos.
Finalmente o Papa S. Vítor (189-198) exigiu que os fiéis da Ásia Menor observassem o calendário pascal da Igreja de Roma, pois esta remontava aos Apóstolos Pedro e Paulo.
Aliás, S. Ireneu (+202 aproximadamente) dizia a respeito de Roma: "Com tal Igreja, por causa da sua peculiar preeminência, deve estar de acordo toda Igreja, porque nela... foi conservado o que a partir dos Apóstolos é tradição" (Contra as Heresias 3, 2).
Muito significativa é a profissão de fé dos Bispos Máximo, Urbano e outros do Norte da África que aderiram ao cisma de Novaciano, rigorista, mas posteriormente resolveram voltar à comunhão da Igreja sob o Papa S. Cornélio em 251:
"Sabemos que Cornélio é Bispo da Santíssima Igreja Católica, escolhido por Deus todo-poderoso e por Cristo Nosso Senhor. Confessamos o nosso erro... Todavia nosso coração sempre esteve na Igreja; não ignoramos que há um só Deus e Senhor todo-poderoso, também sabemos que Cristo é o Senhor...; há um só Espírito Santo; por isto deve haver um só Bispo à frente da Igreja Católica" (Denzinger-Schõnmetzer, Enchiridion 108 [44]).
O Papa Estevão I (254-257) foi o primeiro a recorrer a Mt 16,16-19, ao afirmar contra os teólogos do Norte da África, que não se deve repetir o Batismo ministrado por hereges, pois não são os homens que batizam, mas é Cristo que batiza.
A partir do século IV, o recurso a Mt 16, 16-19 se torna freqüente. No século V, o Papa Inocêncio I (401-417) interveio na controvérsia movida por Pelágio a respeito da graça; num de seus sermões S. Agostinho respondeu ao fato, dizendo: "Agora que vieram disposições da Sé Apostólica, o litígio está terminado (causa finita est)" (serm. 130, 107).
No Concílio de Calcedônia (451), lida a carta do Papa Leão I, a assembléia exclamou: "Esta é a fé dos Pais, esta é a fé dos Apóstolos. Pedro falou através de Leão".
O Papa Gelásio I declarou entre 493 e 495 que a Sé de Pedro (romana) tinha o direito de julgamento sobre todas as outras sedes episcopais, ao passo que ela mesma não está sujeita a algum julgamento humano. Em 501, o Synodus Palmaris de Roma reafirmou este princípio, que entrou no Código de Direito Canônico:
"Prima sedes a nemine iudicatur, - A sé primacial não pode ser julgada por instância alguma" (cânon 1629). Em suma, quanto mais o estudioso avança no decurso da história da Igreja, mais nitidamente percebe a configuração do primado de Pedro, ocasionada pelas diversas situações que o povo de Deus foi atravessando.

No tocante ao termo "Papa" deve-se dizer que vem do grego "pappas" = "pai". Nos primeiros séculos era título atribuído aos Bispos como expressão de afetuosa veneração, veneração que se depreende dos adjetivos "meu..., nosso..." que acompanham o título. A mesma designação podia ser ocasionalmente atribuída também aos simples presbíteros (pais), como acontecia no Egito do século IV. No Oriente ainda hoje o sacerdote é chamado "papas". No Egito o "papas" por excelência é o Patriarca de Alexandria.
O título de papa é dado ao Bispo de Roma já por Tertuliano (+220 aproximadamente) no seu livro De pudicitia XIII 7, onde se lê: "Benedictus papa". É encontrado também numa inscrição do diácono Severo (296-304) achada nas catacumbas de São Calixto, em que se lê: "iussu p(a)p(ae) sul Marcellini" (="por ordem do Papa ou pai Marcelino").
No fim do século IV a palavra Papa aplicada ao Bispo de Roma começa a exprimir mais do que afetuosa veneração; tende a tornar-se um título específico. Tenha-se em vista a interpelação colocada por S. Ambrósio (+397) numa de suas cartas: "Domino dilectissimo fratri Syriaci papae" (="Ao senhor diletíssimo irmão Siríaco Papa") (epístola 42).
O Sínodo de Toledo (Espanha) em 400 chama Papa (sem mais) o Bispo de Roma. São Vicente de Lerins (falecido antes de 450) cita vários Bispos, mas somente aos Bispos Celestino I e Sixto III atribui o título de Papa.
No século VI o título tornou-se, com raras exceções, privativo dos Bispos de Roma.

Leia também:
Autor: Dom Estêvão Bettencourt
Fonte: Revista "Pergunte e Responderemos"

domingo, 7 de novembro de 2010

Diferença entre Imagem e Ídolo

0 → C O M E N T Á R I O S
Imagem não é o mesmo que ídolo. Chama-se ídolo: uma imagem falsa, um simulacro a que se atribui vida própria, conforme explica o profeta Habacuc (2, 18). Eis o que claramente indica Habacuc, dizendo: “Ai daquele que diz ao pau: Acorda, e a pedra muda: Desperta” (Hc 2, 19)

A Bíblia reza no livro de Josué: “Josué prostrou-se com o rosto em terra diante da arca do Senhor, e assim permaneceu até à tarde, imitando-o todos anciãos de Israel” (Jos 7, 6).

Terão sido idólatras Josué e os anciãos de Israel?

Foi Deus ainda que ordenou a Moisés levantar uma “serpente” de metal (Nm 21,  e todos os que olhassem para ela seriam curados. Ora, que “olhar” é esse que confere uma cura milagrosa diante de uma estátua de metal?

Temos as provas de como esse culto era já uma pré-figura do culto à Deus nas palavras de S. João, que diz que tal “serpente” era o símbolo do Cristo crucificado: “Bem como ergueu Moisés a serpente no deserto, assim cumpre que seja levantado o Filho do Homem” (Jo 3, 14).

Por acaso caíram também Moisés e S. João, e até o Espírito Santo (autor da Sagrada Escritura) em crime de idolatria? É claro que não.

A idolatria consistiria em achar que a divindade está em uma estátua, por exemplo. Ou seja, teríamos que colocar alimentos para as imagens, como faziam os romanos, os egípcios e os demais povos idólatras. Teríamos que achar que Deus e o santo são a mesma pessoa. No fundo, seria dizer que S. Benedito não é e nem foi S. Benedito, mas foi Deus, etc.

Nunca se ouviu algum católico defendendo que o Santo era Deus! Mesmo porque isso seria cair em um panteísmo (defendido por Calvino e Lutero em algumas de suas obras). Para se dizer que os católicos adoram os santos, eles teriam que dizer que S. Benedito, por exemplo, não é S. Benedito, mas Deus.

E, ainda mais difícil, os católicos teriam que afirmar que S. Benedito é a estátua, uma espécie de amuleto mágico…

Nenhum católico acredita que o santo seja Deus ou que ele seja a madeira da estátua (como uma divindade). Logo, não há idolatria possível, visto que esta consiste em adorar um falso deus

Alguns protestantes argumentam que só é possível fazer imagens quando Deus expressamente permite. Pergunta-se: onde está essa norma na Bíblia? É uma contradição dos protestantes, pois tudo para eles está na Bíblia, todavia, para condenar os católicos, não é necessária a Bíblia…

Deus proíbe a idolatria e não o uso de imagens

O mesmo Deus, no mesmo livro do Êxodo em que proíbe que sejam feitas imagens, manda Moisés fazer dois querubins de ouro e colocá-los por cima da Arca da Aliança (Ex 25, 18-20). Manda-lhe, também, fazer uma serpente de bronze e colocá-la por cima duma haste, para curar os mordidos pelas serpentes venenosas (Num 21, 8-9). Manda, ainda, a Salomão enfeitar o templo de Jerusalém com imanges de querubins, palmas, flores, bois e leões (I Reis 6, 23-35 e 7, 29).

Ora, se Deus manda fazer imagens em várias passagens das Sagradas Escrituras (Ex 25, 17-22; 1Rs 6, 23-28; 1 Rs 6, 29s; Nm 21, 4-9; 1Rs 7, 23-26; 1 Rs 7, 28s; etc) e proíbe que se façam imagens em outra, de duas uma, ou Deus é contraditório ou fazer imagens não é idolatria!

Portanto, fica claro que o erro não está nas imagens, mas no tipo de culto que se presta à elas.

Os Judeus, saindo da dominação egípcia, um povo idólatra, tinham muita tendência à idolatria. Basta ver o que aconteceu quando Moisés desceu do Monte Sinai com as Tábuas da Lei e encontrou o povo adorando o “Bezerro de Ouro” como se ele fosse uma divindade, um amuleto. É claro, como permitir que um povo tendente à idolatria fosse fazer imagens.

Nas imagens católicas se representam os santos, que são pessoas que possuem virtudes que os tornam “semelhantes” a Deus, como afirmou S. Paulo: “já não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim“.

Nas catacumbas encontram-se, em toda parte, imagens e estátuas da Virgem Maria; prova de que tal culto existia no tempo dos apóstolos e foi por eles praticado, ensinado e transmitido à posteridade. Uma das imagens de Nossa Senhora, segundo a tradição, foi pintada pelo próprio S. Lucas e está na catedral de Loreto, exposto à veneração dos fiéis.

As imagens católicas representam pessoas virtuosas. Virtude essa que provém da graça de Deus. O mesmo não se dava na idolatria, pois os povos idólatras representavam as virtudes e os vícios em seus ídolos.

O Concílio de Trento formalmente legitimou o uso das imagens: As imagens de Jesus Cristo, da Mãe de Deus, e dos outros santos, podem ser adquiridas e conservadas, sobretudo nas Igrejas, e se lhes pode prestar honra e veneração; não porque há nelas qualquer virtude ou qualquer coisa de divino, ou para delas alcançar qualquer auxílio, ou porque se tenha nelas confiança, como os pagãos de outrora, que colocavam a sua esperança nos ídolos, mas, sim, porque o culto que lhes é prestado dirige-se ao original que representam, de modo que nas imanges que possuímos, diante das quais nos descobrimos ou inclinamos a cabeça, nós adoramos Cristo, e veneramos os santos que elas representam (Sess XXV).

O Concílio de Nicéia, o primeiro celebrado na Igreja, no ano de 325, sob o Papa S. Silvestre I e o imperador Constantino, defende o culto das imagens contra os iconoclastas, com um vigor admirável.

Lê-se nos atos deste concílio: Nós recebemos o culto das imagens, e ferimos de anátema os que procedem de modo contrário. Anátema a todo aquele que aplica às santas imagens os textos da escritura contra os ídolos. Anátema a todo aquele que as chama ídolos. Anátema àqueles que ousam dizer que a Igreja presta culto a ídolo.

sábado, 6 de novembro de 2010

Anglicanos

0 → C O M E N T Á R I O S
No século passado se registrou, na Inglaterra, o chamado "Movimento de Oxford", chefiado por teólogos anglicanos (entre os quais John Newman depois convertido ao catolicismo e feito cardeal). Esses estudiosos se puseram a pesquisar a literatura teológica dos primeiros séculos cio cristianismo ou os Padres da Igreja; mediante esse retorno às fontes, verificaram que a Igreja Católica havia guardado puramente a mensagem de Cristo e das primeiras gerações cristãs. A continuidade desse estudo é muito alvissareira, pois pode preparar o reatamento da comunhão entre o anglicanismo e o catolicismo.

A Comunhão Anglicana ou o anglicanismo teve suas origens no século XVI, época da Reforma Protestante.

Na Inglaterra, o rei Henrique VIII (1509-1547), nos inícios de seu gover no mostrou-se zeloso pela fé cristã tradicional. Em 1524, contra a obra de Lutero sobre O Cativeiro Babilônico, escreveu uma Afirmação dos Sete Sacramentos, que lhe valeu do Papa Leão X o título de "Defensor da Fé" Não obstante, havia de ser arrastado por seus afetos.

Em 1509, Henrique esposou Catarina de Aragão, viúva de seu irmão Artur l)este casamento teve vários filhos, dos quais um só, Maria Tudor, ficou em vida.Com o tempo, Henrique se apaixonou por uma cortesã, Ana de Boleyn. Por isso, procurou dissolver O seu casamento com Catarina, ale gando que fora nulo, porque os nubentes eram cunhados em primeiro grau. Tal pretexto era falso, porque o Papa Júlio II dera a Henrique explícita dispensa para se casar com Catarina; ademais somente, após 18 anos de vida conjugal Henrique trazia à tona esse "impedimento". A corte real favorecia os anseios do rei. A rainha Catarina apelava para a Santa Sé, pedindo justiça. O Papa Clemente VIl resolveu entregar o exame do processo a um tribunal de Roma (julho de 1529).

Em janeiro de 1531, o Papa proibiu a Henrique novas núpcias enquanto a causa estivesse sob julgamento. O rei, vendo que pouca esperança lhe restava, quis obter a dissolução do seu casamento da parte da hierarquia da Inglaterra: Thomas Cromwell, obscuro advogado que adquirira influência sobre o rei, aconselhava a Henrique que, a exemplo dos príncipes alemães, se separasse de Roma. Em fevereiro de 1531 uma assembléia do clero, instigada pelo rei, proclamou Henrique "Chefe Supremo da igreja da Inglaterra",  com a cláusula "na medida em que a Lei de Cristo o permite". Em  1532, o rei elevou a sé arquiepiscopal de Cantuária Thomas Cranmer que, numa viagem à Alemanha, tinha entrado em contato com o luteranismo; Cranmer resolveu declarar nulo o casamento de Henrique VIII, de modo que este se casou em 1533 com Ana Boleyn. O Papa respondeu excomungando o monarca e final mente declarando válido o casamento com Catarina. O cisma estava às por tas: em novembro de 1534, o parlamento inglês votou o "Ato de Supremacia", que proclamava ser o rei o "Único e Supremo Chefe da igreja na Inglaterra"; os súditos que não reconhecessem esse ato seriam punidos com a morte. A grande maioria do clero se submeteu, talvez porque acostumada ao conceito de Igreja nacional e bastante mundanizada. Resistiram, porém, até a morte, vários leigos e clérigos, dos quais se destacaram o leigo Tomás Moro e o bispo John Fisher.

Muitos mosteiros foram fechados, relíquias e imagens foram destruídas. Apesar do cisma e das pressões luteranas, o rei queria conservar íntegra a fé católica na Inglaterra: combatia tanto a adesão ao Papa (manto as inovações religiosas do continente.

Henrique teve por sucessor um filho de dez anos, que lhe nascera do seu terceiro matrimônio! Este menino, Eduardo VI, teve como tutores o duque de Somerset e o de Northunberland que, juntamente com o arcebispo Cranmer, muito trabalharam pela introdução da teologia protestante na Inglaterra. Houve revoltas em diversos condados e as desordens se avolumaram na Inglaterra, a tal ponto que, quando Eduardo VI morreu (aos 16 anos de idade), em1553, a nação em peso se pronunciou pela princesa Maria, a Católica, filha de Henrique VIII e Catarina, contrariando a designação que Eduardo fizera em. favor de Joana, cortesã de sangue real, protestante.

Maria Tudor resolveu a situação. Era católica convicta e se pôs a traba lhar, apoiada por seu primo, o cardeal Reginaldo Pole, legado papal.

Em 1554, o Parlamento voltou a nova união da Inglaterra com a Santa Sé.

Os prelados depostos por Eduardo VI foram restituídos às suas sedes, enquanto os hereges, vindos do estrangeiro, foram expulsos.

A rainha Maria, no seu zelo restaurador, adotou medidas extremas ,se­melhantes às que Henrique VIII tomara contra os católicos. Esse zelo exces sivo era, em parte, favorecido pelo povo, mas encontrou desaprovação da parte de católicos, que se tornaram avessos à rainha. Esta se tornou impopu lar também por seu casamento com Filipe, filho de Carlos V, que pouco depois subiu ao trono da Espanha com o nome de Filipe II. Morreu prema turamente (1558); pouco depois do seu desaparecimento, extinguia-se a res tauração católica na Inglaterra.

Sucedeu-lhe no trono uma filha de Ana de Boleyn com Henrique VIII: a rainha Elisabete (1558-1603), visto que Maria não deixara herdeiros A nova soberana elevou a Inglaterra a extraordinário poder político e econômico. A sua religiosidade era misteriosa: convertera-se ao catolicismo sob Maria e, elevada ao trono, continuava a freqüentar a missa, confessar-se e comungar. Essas atitudes, porém, não eram profundas e cediam a interesses políticos. No dia de sua coroação, jurou conservar a religião católica  no país; não obstante, motivos de conveniência a levaram a violar a sua palavra. Os católicos a consideravam rainha ilegítima e propunham Maria Stuart, da Escócia, como herdeira legítima do trono. Isso fazia Elisabete se inclinar, cada vez mais, para o protestantismo. Em conseqüência, sob as aparências de católica, foi toman do medidas anticatólicas e antipapais. Libertou os teólogos presos na Ingla terra e chamou de volta os pregadores de novidade outrora expulsos.

Um dos feitos mais importantes de Elisabete foi a tentativa de restaurar a hierarquia episcopal na Inglaterra, praticamente extinta por Henrique XIII e Eduardo VI. Para tanto, foi escolhido como arcebispo de Cantuária um antigo capelão da rainha, Mateus Parker, que recebeu a ordenação episcopal em 17/12/1559, às cinco horas da manhã, na capela de Lamberth, segundo um ritual novo, chamado "Ordinal", confeccionado sob o rei Eduardo VI. O sagrante foi um bispo deposto, que se prestou a tal ofício: William Barlon, ex-titular da diocese de Beth, ordenado ainda sob Henrique VIII, validamente. Mateus Parker, uma vez ordenado bispo, ordenou outros bispos, reconstituindo as sim a hierarquia na Inglaterra.

Após longos estudos de peritos, que investigaram de perto os fatos, o Papa Leão XIII, em 1896, declarou inválidas as ordenações anglicanas, base ando-se em dois motivos: 1°) insuficiência do rito (o Ordinal de Eduardo VI excluía qualquer alusão á missa como sacrifício de Cristo perpetuado sobre os altares pelo ministério dos sacerdotes; 2°) falta de intenção devida (William Barlon queria constituir uma hierarquia diversa daquela que Cristo fundou, desvinculada da Sé de Pedro). É por isso que a Igreja Católica até hoje não reconhece as ordenações anglicanas, embora o assunto possa ser reestudado na base de novos aspectos que os estudiosos têm trazido á tona em ampla bibliografia. Este ponto é decisivo para a restauração da comunhão entre a Santa Sé e Cantuária. O reatamento, em nossos dias, vem sendo dificultado pela ordenação de mulheres para o presbiterato e até para o episcopado; dentro da Comunhão Anglicana, este fato tem aberto distância crescente entre os anglicanos e os católicos (acompanhados pelos ortodoxos orientais muito fiéis à Tradição).

No século passado, registrou-se na Inglaterra o chamado "Movimento de Oxford", chefiado por teólogos anglicanos (entre os quais John Newman, depois de convertido ao catolicismo e feito cardeal). Esses estudiosos puseram se a pesquisar a literatura teológica dos primeiros séculos do cristianismo ou os Padres da Igreja; mediante esse retorno à fontes, verificaram que a Igreja Católica havia guardado puramente  mensagem de Cristo e das primeiras gerações cristãs. A continuidade desse estudo é muito alvissareira, pois pode preparar o reatamento da comunhão entre o anglicanismo e o catolicismo.

Fonte: Cléofas

A Legião da Boa Vontade (LBV)

1 → C O M E N T Á R I O S
Revista: "PERGUNTE E RESPONDEREMOS"
D. Estevão Bettencourt, osb
Nº 382 - Ano 1994 - p. 140

A Legião da Boa Vontade (LBV), fundada por Alziro Zarur (1914-1979) na década de 1950, é hoje governada pelo Sr. José de Paiva Netto, também presidente da Religião de Deus. Pretende aproximar todos os homens entre si na base do amor fraterno, sem levar em conta as diferenças religiosas. A Religião de Deus, professada pela LBV, não é uma religião que abranja todas as crenças ou com a qual todas se possam identificar de algum modo, pois é francamente espírita e reencarnacionista; quem não compartilha a necromancia e o reencarnacionismo, há de se sentir constrangido e desambientado nessa religião de Deus.

De resto, não é preciso pertencer à LBV para pregar a aproximação dos homens entre si numa atitude fraterna; o Catolicismo apregoa a mesma coisa, todavia respeitando a verdade religiosa por Deus. É São Paulo quem diz: "Seguindo (fazendo) a verdade em amor, cresceremos sob todos os aspectos em direção àquele que é a Cabeça, Cristo" (Ef 4,15). É o relativismo religioso que deteriora ou mesmo anula o programa da LBV; o amor e a fraternidade entre os homens hão de ser cultivados sem detrimento da VERDADE, que é o primeiro de todos os valores ou a luz que ilumina toda a atividade humana.

A Legião da Boa Vontade (LBV) é mais uma das correntes religiosas que solicitam o cidadão de nossos dias. Teve origem no Rio de Janeiro na década de 1950; espalhou-se por todo o Brasil e tem ramificações no estrangeiro, pois pretende dirigir-se a toda a humanidade. O seu fundador é Alziro Zarur (1914-1979), que tem atualmente como sucessor o Sr. José de Paiva Netto, outrora Secretário de Zarur, hoje presidente da LBV e da Religião de Deus.

Os avanços da LBV chamam a atenção do público, ao qual lançam interrogações. Eis por que PR se volta agora para o assunto, após o ter abordado em PR 5/1957, p. 25; 3/1958, p. 119, ou seja, nos primeiros anos de existência da LBV.

1.    MENSAGEM

O nome de Legião da Boa Vontade é inspirado pelo texto de Lc 2,14: "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade", Alziro Zarur pretendia unir todos os homens num Grande Parlamento Mundial da Fraternidade, passando por cima de todas as diferenças de religião, raça, cultura, etc.; para o conseguir, cada qual deveria ter boa vontade!

A mensagem de Zarur e de Paiva Netto é espírita. Paiva Netto fala de duas humanidades: a visível, que habita sobre a Terra, e a invisível, que habita no céu da Terra; entre uma e outra há comunicações, ou seja, os "espíritos desencarnados" são guias dos homens neste mundo. Eles informam que estamos chegando na hora da Quarta Revelação; na primeira (Antigo Testamento), Deus se terá manifestado; na segunda, Jesus Cristo; na terceira, o Espírito Santo; na quarta, começará a religião do amor universal, orientada por espíritos superiores, que falam não somente através de médiuns, mas também descendo sobre a Terra em discos voadores. Assim, instaura-se a religião de Deus, que congrega todas as crenças religiosas, conforme Paiva Netto.

A LBV proclama o fim da era presente; Jesus estaria chegando para inaugurar nova era; vivemos tempos apocalípticos; todavia, os pregadores da LBV não anunciam desgraças, apenas falam de renovação da história. Paralelamente, professam a reencarnação, tida como necessária, para que as pessoas se purifiquem de seus pecados e atinjam a plena felicidade (que Paiva Netto) não descreve). Julgam que a Bíblia admite a reencarnação no Antigo e no Novo Testamento, mas não aprofundam sua afirmação (se o fizessem, perceberiam que ressurreição de carne e reencarnação não significam a mesma coisa).

A LBV e a Religião de Deus se interessam muito pela cura das doenças físicas e morais mediante a imposição das mãos:

"Quando a criatura transgride a lei do Criador, começa a adoecer. Por isto mesmo, para o homem ... pode haver enfermidade incurável, mas não para Deus. Para Deus todos esses males são perfeitamente sanáveis. Depende da fé que cada um deposita no seu Criador, no Eterno Deus do Amor, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo" ("Jesus está chegando" n.º 22, novembro/dezembro 1992, p. 17).

Em Brasília, a LBV construiu o Templo da Boa Vontade, em forma de pirâmide, cujo ápice traz um cristal. No pavimento do Templo há sete círculos concêntricos pretos e sete brancos, que as pessoas percorrem para chegar finalmente debaixo do cristal, tido como portador de boas energias!

O Sr Paiva Netto espera construir também um grande edifício, sede do Parlamento da Fraternidade Universal, ao lado do Templo da Boa Vontade em Brasília. Terá seu Conselho de Honra, que Paiva Netto espera constituir com as mais diversas personalidades do Brasil.

Os pioneiros da Legião fazem questão de colher testemunhos de simpatia das mais diferentes correntes de pensamento; procuram envolver também os fiéis católicos num coro de louvores a Paiva Netto, tido como líder carismático, iluminado por espíritos superiores.

A linguagem utilizada pelos mensageiros da LBV é pomposa e alvissareira; pode impressionar muitos ouvintes e leitores, pois parece ensinar o amor universal por cima de todas as barreiras que separam os homens.

 2.    QUE DIZER

Duas observações vêm a propósito.

 2.1.       A Religião de Deus

 Paiva Netto pretende criar uma nova religião: a Religião de Deus, na qual se encontrariam todos os homens a partir de qualquer crença religiosa.

Esta proposta, porém, é inconsistente. Na verdade, a Religião de Deus não é outra coisa senão uma forma requintada de espiritismo, que pretende basear-se nas Escrituras Sagradas e em conceitos cristãos. Quem não aceita a comunicação com os mortos e a reencarnação, há de se sentir constrangido pela mensagem espírita da LBV; assim, um fiel católico há de julgar que a LBV faz "um belo teatro religioso" ..., mas teatro que foge à verdade ou à realidade. Só pode filiar-se à LBV quem não tenha convicções religiosas ou quem pense que religião é um sentimento vago e cego.

 Ora, dizemos que a fé não é uma atitude cega ou sentimental; é um ato da inteligência humana, que foi feita para a verdade, e que sabe que existe a verdade não somente nas ciências exatas, mas também na área religiosa. Deus é a Suma Verdade, e Ele se revela ao homem por vias objetivas que interpelam a inteligência humana. Para que alguém creia como ser inteligente, deve pôr sua inteligência a funcionar e indagar: "Por que hei de crer ...? Por que crer nisto ou naquilo e não naquilo outro?". É essa indagação da inteligência que prepara o ato de fé e faz que seja algo à altura da dignidade humana.

Por isto, dizemos que existem a verdade (proposições verídicas) e o erro (proposições errôneas) no setor religioso. Em conseqüências, uma pessoa que tem suas convicções religiosas, não pode fingir que não as tem e que abona crenças diversas das suas. Isto significa ofender a Verdade ou o próprio Deus.

É claro, porém, que a distinção entre verdade e erro em religião não implica em hostilidade entre as pessoas. Pode haver encontros entre elas em âmbito de fraternidade e benevolência, contanto que não se relativize a verdade religiosa.

A Igreja Católica apregoa a aproximação dos homens entre si, quaisquer que sejam as suas crenças religiosas. Essa aproximação pode favorecer o diálogo, desfazer preconceitos e barreiras; nunca, porém, deverá redundar em relativismo religioso.

Vejamos, por exemplo, o Decreto sobre o Ecumenismo do Concílio do Vaticano II:

"No diálogo com os irmãos, é absolutamente necessário que a doutrina inteira seja lucidamente exposta. Nada é tão alheio ao ecumenismo quanto aquele falto irenismo, pelo qual a pureza da doutrina católica sofre detrimento e seu sentido genuíno e certo é obscurecido" (n.º 11).

O relativismo ou as concessões mútuas podem ter lugar entre partidos políticos ou instituições meramente humanas, pois nenhuma delas tem a garantia da inerrância. Diferente, porém, é o caso da fé; esta resulta da adesão à Palavra de Deus, que é intocável e escapa às conveniências humanas.

Não há dúvida, em todos os seres humanos existe o mesmo senso religioso inato, pois o homem é sapiens e religiosus. Isto explica a convergência das diversas correntes religiosas em manifestações idênticas: a oração com seus gestos, o recolhimento, o culto a Deus, a ascese, uma ética condigna ... Todavia, além da base comum, toda Religião tem seu Credo próprio: a respeito de Deus, há quem diga que é uma Força Neutra que move o universo ... há quem diga que é o próprio mundo e o homem, ... há quem diga que é o Criador distinto do mundo e do homem ... A respeito da salvação, há quem julgue que o homem mesmo se salva por seus esforços em encarnações sucessivas e há quem diga que é Deus quem salva o homem porque lhe quer bem e se entregou para a salvação do mundo ... Por isto, cada religião é inconfundível; quem a professa, professa-a porque a tem como verdadeira e certamente não quer que a verdade e o erro sejam colocados no mesmo plano.

 O S. Padre João Paulo II tem dado belo testemunho de aproximação dos Credos entre si, sem confusão religiosa. Um dos mais significativos foi o Encontro de Assis em 27/10/1986: 108 pessoas representantes das grandes religiões da humanidade (cristãos, budistas, hinduístas, maometanos, judeus, jainistas, chintoístas, sikitas, zoroastrianos, cultores das tradicionais crenças da África e da América) passaram um dia em oração e jejum, na qualidade de peregrinos, que pediam a Deus a paz para o mundo; cada grupo, porém, rezou segundo o seu rito, num recinto ou uma capela própria.

Com outras palavras: a prática da caridade ou da fraternidade não pode empalidecer um valor que lhe é anterior e que vem a ser luz para toda a atividade humana: a VERDADE. A caridade cega, não iluminada pela verdade, não é autêntica. Seja sempre respeitada a diferença entre a verdade e o erro; este respeito não impede a benevolência para com todos os homens; ao contrário, exige-a, todavia sem concessões ao relativismo religioso.

 Vê-se assim que o amor a todos os homens e o desejo de os aproximar entre si não são apanágio da LBV. São programa também do Catolicismo, que, preservando a Verdade, alicerça mais solidamente o senso de fraternidade universal. O que favorece a expansão da LBV é o seu relativismo, que não chama a atenção de ninguém, visto que, em nossos dias, são freqüentes o subjetivismo, o sentimentalismo e o antiintelectualismo em matéria religiosa.

2.2.       Fenômenos mediúnicos

A profissão de fé espírita da LBV seja avaliada à luz das recentes conclusões da psicologia e da parapsicologia. Estas verificam que o ser humano tem um rico e poderoso inconsciente, suscetível de ser acionado pela sugestão (explícita ou implícita, auto-sugestão ou hetero-sugestão). Por conseguinte, a pessoa sensitiva (em linguagem espírita, dir-se-ia: o médium), quando condicionada, pode exercer a percepção extra-sensorial, a telepatia, a telecinésia, a telergia, a pantomnésia ..., como se fossem fenômenos resultantes de intervenções do além; na verdade, tais fenômenos, apresentados como manifestações de uma outra humanidade (invisível), não são mais do que expressões do psiquismo do próprio médium. Isto hoje é claro a quem se dedica ao estudo de tais realidades.

 Quanto à reencarnação, já tem sido refutada algumas vezes em PR; cf. 256/1983, pp. 168ss; 220/1978, pp. 174ss; 230/1979, pp. 66ss. Não se baseia em prova alguma; ninguém tem recordação do que foi em vida anterior; por isto, também não sabe que culpas está expiando na vida presente. Além do quê, segundo a lei do karma, quem vive pobre e doente, é pecador que está pagando por faltas graves cometidas em encarnação anterior, ao passo que toda pessoa rica e sadia é pessoa virtuosa que está recebendo o prêmio de suas virtudes ...!

 Estas poucas considerações evidenciam o despropósito da Legião da Boa Vontade, que não resiste ao crivo de raciocínio sereno e objetivo.

Fonte: Cléofas

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